"Não canso de dizer: o ballet é a minha segunda pele".
sábado, 26 de abril de 2008
segunda-feira, 21 de abril de 2008
"Giselle"- abertura da temporada de 2008
Giselle abre temporada de balé do Theatro Municipal do Rio
10/04/2008 - 15h27
Giselle é apontada como a mais popular personagem de balé clássico em todo o mundo e sonho de praticamente toda aspirante à bailarina. Clássico do repertório mundial, o grandioso balé homônimo, com 52 personagens, ganha o palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro a partir do dia 12 de abril para abrir a temporada 2008 de balé com um total de oito apresentações. Encenada por algumas das maiores companhias internacionais, a versão assinada pelo coreógrafo inglês Peter Wright integra o repertório do Balé do Theatro Municipal desde 1982. No papel-título, se revezam as bailarinas Ana Botafogo,Cecilia Kerche, Claudia Mota e Márcia Jaqueline. Vitor Luiz e o espanhol Jesús Pastor, artista convidado, se alternam no papel de Albrecht. À frente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal estará o maestro Silvio Viegas. O balé conta com a direção e mis-en-scène de Desmond Kelly, supervisão artística de Dalal Achcar e direção do Corpo de Baile do TMRJ de Marcelo Misailidis.
Criado em 1841, Giselle foi a segunda obra dentro do estilo romântico, precedida por La Sylphide, de 1832. Trata-se de uma tragédia envolta numa atmosfera misteriosa e sobrenatural, que está na origem do Movimento Romântico. É uma obra que vem encantando o público há mais de um século e meio, e constitui-se em um ponto de referência na história da dança.
Giselle nasceu a oito mãos: do escritor Theóphile Gautier, do libretista Vernoy de Saint-Georges e da vivência dos coreógrafos Jean Coralli e Jules Perrot. A obra reflete uma nova estética e um novo conceito cênico: o drama-balé, em que elementos do teatro se harmonizam com a dança. O resultado é um balé suave e ousado, em acentuados contrastes, que contrapõem o primeiro ao segundo ato. De um lado, o realismo do cotidiano. Do outro, seres incorpóreos e imateriais. A música foi composta por Adolphe Adam.
Para o maestro Silvio Viegas, o balé exige desafios diferentes da regência: "O balé é uma realidade para o maestro tão incomum quanto a ópera. Existe uma flutuação, um ritmo próprio. O guia ainda é a música, mas o maestro precisa acompanhar o ritmo do corpo do bailarino, buscando a todo tempo a expressão entre esses dois grandes signos que são a música e a dança."
História de amor mistura realidade e fantasia
O primeiro ato de Giselle se passa numa pequena aldeia de camponeses, no dia da festa da vindima, o fim da colheita da uva. Giselle é uma jovem doce e humilde, filha de Berthe. A alegria de seu coração puro conquista o amor do duque Albrecht. Apaixonado, ele se veste de camponês e faz a corte à moça. Giselle, que acredita tratar-se apenas um rapaz da vila chamado Loys, apaixona-se por ele. Devido às diferenças sociais e por ser o noivo de Bathilde, a filha do Duque de Courland, esse amor jamais se realizará. Mesmo assim Albrecht mantém a farsa, alimentando as esperanças da jovem.
Entra em cena Hilarion, o jovem guarda-caças da vila, que também está loucamente apaixonado por Giselle. Ele tenta interromper o idílio, lembrando seu amor por ela. Mas Giselle, apaixonada por Loys, repele Hilarion, juntando-se alegremente às suas amigas e companheiros.
A chegada de uma grande comitiva de caça, encabeçada pelo Duque de Courland e sua filha Bathilde dá a Hilarion a oportunidade para agir. Preterido e despeitado, ele desmascara seu rival durante a festa da vindima da aldeia, em que a jovem amada é coroada rainha da colheita. Surpreendida pela revelação, Giselle procura afogar sua desilusão numa dança frenética. Enlouquece e suicida-se com a espada de Albrecht. Assim, termina a primeira parte.
O segundo ato começa à meia noite, em meio a uma clareira na floresta, um lugar sinistro, com árvores retorcidas e uma atmosfera de suspiros e lágrimas. Ali se passa o baile mágico da Willis, espíritos de jovens que morreram antes do dia do seu casamento. Para vingar-se, elas se reúnem e obrigam os rapazes que encontram pelo caminho a dançarem até a morte.
Neste lugar, Hilarion está de vigília na sepultura de Giselle. Surge uma sombra transparente e pálida. É Mirtha, a rainha das Willis. Em seguida surgem outras Willis, que se agrupam graciosamente em torno dela. Então, elas tiram Giselle de sua sepultura para iniciá-la em seus ritos. Albrecht chega trazendo flores e Giselle surge para ele, que tenta pegá-la, mas ela desaparece e ele sai à sua procura.
Neste momento, Hilarion é pego pelas Willis. Mirtha, a rainha, ordena que ele dance até à exaustão. As Willis começam então uma orgia alegre, dirigida por sua rainha triunfante, quando uma delas descobre Albrecht e o traz para o círculo mágico. Mas no momento em que Mirtha vai tocá-lo, Giselle se lança na frente de Albrecht, protegendo-o com a cruz de seu túmulo, até o momento em que surge a aurora, quebrando o poder da Willis.
Jesús Pastor, artista convidado
Nascido e criado em Madri, começou seus estudos de dança na Escola de Victor Ullate, graduando-se no Royal Conservatory of Madri. Entrou para a Cia de Ullate em 1992, e tornou-se Bailarino Principal em 1996, dançando todo o repertório da Cia. Em 1995, ganhou medalha de ouro na Eurovision Competition para jovens bailarinos. Apresentou-se em diversas Companhias do mundo como o Balletto di Torino, Compañía Nacional de Danza (Madri), Ballet de Zaragoza, Scottish Ballet, English National Ballet e American Ballet Theatre. Seu repertório inclui obras de Balanchine, Maurice Béjart, Nacho Duato, Victor Ullate, Patrick de Bana, Hans van Manen, William Forsythe, Rudi van Dantzig, Jiri Kylian, Niels Christie, Jean Christophe Balviet, Luc Bouy.
SERVIÇO
Solistas por data:
Ana Botafogo / Jesús Pastor - 12 e 16
Cecília Kerche / Vitor Luiz - 19 e 21
Claudia Mota / Jesús Pastor - 18 e 20
Márcia Jaqueline / Vitor Luiz – 13, 15 e 17
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Praça Floriano s/nº - Centro
Estréia:
Dia 12 de abril às 21h
Demais récitas:
Dias 13, 20 e 21 de abril às 17h
Dia 15 de abril às 14h
Dias 16, 17 18 de abril às 20h
Dia 19 de abril às 21h
Preços:
Platéia e Balcão Nobre - R$ 70,00
Balcão Simples - R$ 50,00
Galeria - R$ 25,00
Frisas e Camarotes - R$ 420,00 (seis lugares)
Classificação etária - Livre
Informações: 2299-1711
Bilheteria: 2299-1676
10/04/2008 - 15h27
Giselle é apontada como a mais popular personagem de balé clássico em todo o mundo e sonho de praticamente toda aspirante à bailarina. Clássico do repertório mundial, o grandioso balé homônimo, com 52 personagens, ganha o palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro a partir do dia 12 de abril para abrir a temporada 2008 de balé com um total de oito apresentações. Encenada por algumas das maiores companhias internacionais, a versão assinada pelo coreógrafo inglês Peter Wright integra o repertório do Balé do Theatro Municipal desde 1982. No papel-título, se revezam as bailarinas Ana Botafogo,Cecilia Kerche, Claudia Mota e Márcia Jaqueline. Vitor Luiz e o espanhol Jesús Pastor, artista convidado, se alternam no papel de Albrecht. À frente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal estará o maestro Silvio Viegas. O balé conta com a direção e mis-en-scène de Desmond Kelly, supervisão artística de Dalal Achcar e direção do Corpo de Baile do TMRJ de Marcelo Misailidis.
Criado em 1841, Giselle foi a segunda obra dentro do estilo romântico, precedida por La Sylphide, de 1832. Trata-se de uma tragédia envolta numa atmosfera misteriosa e sobrenatural, que está na origem do Movimento Romântico. É uma obra que vem encantando o público há mais de um século e meio, e constitui-se em um ponto de referência na história da dança.
Giselle nasceu a oito mãos: do escritor Theóphile Gautier, do libretista Vernoy de Saint-Georges e da vivência dos coreógrafos Jean Coralli e Jules Perrot. A obra reflete uma nova estética e um novo conceito cênico: o drama-balé, em que elementos do teatro se harmonizam com a dança. O resultado é um balé suave e ousado, em acentuados contrastes, que contrapõem o primeiro ao segundo ato. De um lado, o realismo do cotidiano. Do outro, seres incorpóreos e imateriais. A música foi composta por Adolphe Adam.
Para o maestro Silvio Viegas, o balé exige desafios diferentes da regência: "O balé é uma realidade para o maestro tão incomum quanto a ópera. Existe uma flutuação, um ritmo próprio. O guia ainda é a música, mas o maestro precisa acompanhar o ritmo do corpo do bailarino, buscando a todo tempo a expressão entre esses dois grandes signos que são a música e a dança."
História de amor mistura realidade e fantasia
O primeiro ato de Giselle se passa numa pequena aldeia de camponeses, no dia da festa da vindima, o fim da colheita da uva. Giselle é uma jovem doce e humilde, filha de Berthe. A alegria de seu coração puro conquista o amor do duque Albrecht. Apaixonado, ele se veste de camponês e faz a corte à moça. Giselle, que acredita tratar-se apenas um rapaz da vila chamado Loys, apaixona-se por ele. Devido às diferenças sociais e por ser o noivo de Bathilde, a filha do Duque de Courland, esse amor jamais se realizará. Mesmo assim Albrecht mantém a farsa, alimentando as esperanças da jovem.
Entra em cena Hilarion, o jovem guarda-caças da vila, que também está loucamente apaixonado por Giselle. Ele tenta interromper o idílio, lembrando seu amor por ela. Mas Giselle, apaixonada por Loys, repele Hilarion, juntando-se alegremente às suas amigas e companheiros.
A chegada de uma grande comitiva de caça, encabeçada pelo Duque de Courland e sua filha Bathilde dá a Hilarion a oportunidade para agir. Preterido e despeitado, ele desmascara seu rival durante a festa da vindima da aldeia, em que a jovem amada é coroada rainha da colheita. Surpreendida pela revelação, Giselle procura afogar sua desilusão numa dança frenética. Enlouquece e suicida-se com a espada de Albrecht. Assim, termina a primeira parte.
O segundo ato começa à meia noite, em meio a uma clareira na floresta, um lugar sinistro, com árvores retorcidas e uma atmosfera de suspiros e lágrimas. Ali se passa o baile mágico da Willis, espíritos de jovens que morreram antes do dia do seu casamento. Para vingar-se, elas se reúnem e obrigam os rapazes que encontram pelo caminho a dançarem até a morte.
Neste lugar, Hilarion está de vigília na sepultura de Giselle. Surge uma sombra transparente e pálida. É Mirtha, a rainha das Willis. Em seguida surgem outras Willis, que se agrupam graciosamente em torno dela. Então, elas tiram Giselle de sua sepultura para iniciá-la em seus ritos. Albrecht chega trazendo flores e Giselle surge para ele, que tenta pegá-la, mas ela desaparece e ele sai à sua procura.
Neste momento, Hilarion é pego pelas Willis. Mirtha, a rainha, ordena que ele dance até à exaustão. As Willis começam então uma orgia alegre, dirigida por sua rainha triunfante, quando uma delas descobre Albrecht e o traz para o círculo mágico. Mas no momento em que Mirtha vai tocá-lo, Giselle se lança na frente de Albrecht, protegendo-o com a cruz de seu túmulo, até o momento em que surge a aurora, quebrando o poder da Willis.
Jesús Pastor, artista convidado
Nascido e criado em Madri, começou seus estudos de dança na Escola de Victor Ullate, graduando-se no Royal Conservatory of Madri. Entrou para a Cia de Ullate em 1992, e tornou-se Bailarino Principal em 1996, dançando todo o repertório da Cia. Em 1995, ganhou medalha de ouro na Eurovision Competition para jovens bailarinos. Apresentou-se em diversas Companhias do mundo como o Balletto di Torino, Compañía Nacional de Danza (Madri), Ballet de Zaragoza, Scottish Ballet, English National Ballet e American Ballet Theatre. Seu repertório inclui obras de Balanchine, Maurice Béjart, Nacho Duato, Victor Ullate, Patrick de Bana, Hans van Manen, William Forsythe, Rudi van Dantzig, Jiri Kylian, Niels Christie, Jean Christophe Balviet, Luc Bouy.
SERVIÇO
Solistas por data:
Ana Botafogo / Jesús Pastor - 12 e 16
Cecília Kerche / Vitor Luiz - 19 e 21
Claudia Mota / Jesús Pastor - 18 e 20
Márcia Jaqueline / Vitor Luiz – 13, 15 e 17
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Praça Floriano s/nº - Centro
Estréia:
Dia 12 de abril às 21h
Demais récitas:
Dias 13, 20 e 21 de abril às 17h
Dia 15 de abril às 14h
Dias 16, 17 18 de abril às 20h
Dia 19 de abril às 21h
Preços:
Platéia e Balcão Nobre - R$ 70,00
Balcão Simples - R$ 50,00
Galeria - R$ 25,00
Frisas e Camarotes - R$ 420,00 (seis lugares)
Classificação etária - Livre
Informações: 2299-1711
Bilheteria: 2299-1676
,,,"O Quebra Nozes" 03/12/2007
03 / 12 /2007 - `O Quebra-Nozes` encerra temporada no Municipal do Rio
RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro - Astros do Royal Ballet de Londres, Roberta Marquez e Thiago Soares vêm ao Brasil especialmente para dançar os papéis principaisUm dos balés mais populares do mundo, a clássica história natalina ‘O Quebra-Nozes’ estréia no dia 14 de dezembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em grande produção que encerra a temporada 2007. Com patrocínio da Eletrobrás, o espetáculo tem direção de Dalal Achcar e retorna ao TMRJ após seis anos de ausência. Estrelas do Royal Ballet e ex-bailarinos do Ballet do Theatro Municipal – onde não atuam há cinco anos – Roberta Marquez e Thiago Soares virão de Londres especialmente para interpretar os papéis principais da montagem. Eles se revezam, respectivamente, com os primeiros bailarinos do Corpo de Baile do Theatro Municipal Ana Botafogo, Cecília Kerche, Claudia Mota, Márcia Jaqueline, no papel de ‘Fada açucarada’, e Vitor Luiz e Felipe Moreira, no de ‘Príncipe Quebra-Nozes’. “Tenho uma relação muito especial com este balé, que dirigi pela primeira vez em 1974 e no Theatro Municipal do Rio, desde 1981”, explica Dalal Achcar. “Gosto especialmente porque a história tem uma magia única e desperta um clima de fraternidade que deveríamos ter sempre. É uma obra que agrada a todas as idades”. A enorme popularidade de ‘O Quebra-Nozes’ comprova o fascínio exercido nas platéias a partir do encontro do conto de Alexandre Dumas com a música de Tchaikovsky e a coreografia original de Marius Petipa e Lev Ivanov. Sua estréia foi em 1892, na Rússia. A primeira apresentação no ocidente só aconteceu em 1934, no Sadler’s Wells Theatre, em Londres. Desde então, tornou-se um dos balés mais montados em todo o mundo. “Eu dancei todas as montagens de Dalal, desde 1979, ao lado de partners maravilhosos como Fernando Bujones, Jean-Yves Lormeau e Lázaro Carreño. É uma grande confraternização, porque reúne todo o Corpo de Baile do Theatro e para mim, ‘O Quebra-Nozes’ tem uma das músicas mais lindas do balé”, comenta Ana Botafogo. Para os demais bailarinos do Theatro Municipal, ‘O Quebra-Nozes’ é um balé que também tem um significado especial. “A volta desta montagem da Dalal é um momento importante, um balé que marca não só as comemorações do Natal e o fim da temporada mas sobretudo é um grande presente para o público carioca”, afirma Cecília Kerche. Já seu partner, Victor Luiz admite: “Foi com este balé que tive certeza absoluta sobre minha carreira. Foi meu primeiro papel como primeiro bailarino, em 2001”.
RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro - Astros do Royal Ballet de Londres, Roberta Marquez e Thiago Soares vêm ao Brasil especialmente para dançar os papéis principaisUm dos balés mais populares do mundo, a clássica história natalina ‘O Quebra-Nozes’ estréia no dia 14 de dezembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em grande produção que encerra a temporada 2007. Com patrocínio da Eletrobrás, o espetáculo tem direção de Dalal Achcar e retorna ao TMRJ após seis anos de ausência. Estrelas do Royal Ballet e ex-bailarinos do Ballet do Theatro Municipal – onde não atuam há cinco anos – Roberta Marquez e Thiago Soares virão de Londres especialmente para interpretar os papéis principais da montagem. Eles se revezam, respectivamente, com os primeiros bailarinos do Corpo de Baile do Theatro Municipal Ana Botafogo, Cecília Kerche, Claudia Mota, Márcia Jaqueline, no papel de ‘Fada açucarada’, e Vitor Luiz e Felipe Moreira, no de ‘Príncipe Quebra-Nozes’. “Tenho uma relação muito especial com este balé, que dirigi pela primeira vez em 1974 e no Theatro Municipal do Rio, desde 1981”, explica Dalal Achcar. “Gosto especialmente porque a história tem uma magia única e desperta um clima de fraternidade que deveríamos ter sempre. É uma obra que agrada a todas as idades”. A enorme popularidade de ‘O Quebra-Nozes’ comprova o fascínio exercido nas platéias a partir do encontro do conto de Alexandre Dumas com a música de Tchaikovsky e a coreografia original de Marius Petipa e Lev Ivanov. Sua estréia foi em 1892, na Rússia. A primeira apresentação no ocidente só aconteceu em 1934, no Sadler’s Wells Theatre, em Londres. Desde então, tornou-se um dos balés mais montados em todo o mundo. “Eu dancei todas as montagens de Dalal, desde 1979, ao lado de partners maravilhosos como Fernando Bujones, Jean-Yves Lormeau e Lázaro Carreño. É uma grande confraternização, porque reúne todo o Corpo de Baile do Theatro e para mim, ‘O Quebra-Nozes’ tem uma das músicas mais lindas do balé”, comenta Ana Botafogo. Para os demais bailarinos do Theatro Municipal, ‘O Quebra-Nozes’ é um balé que também tem um significado especial. “A volta desta montagem da Dalal é um momento importante, um balé que marca não só as comemorações do Natal e o fim da temporada mas sobretudo é um grande presente para o público carioca”, afirma Cecília Kerche. Já seu partner, Victor Luiz admite: “Foi com este balé que tive certeza absoluta sobre minha carreira. Foi meu primeiro papel como primeiro bailarino, em 2001”.
Publicado no JB
07 / 09 /2006 - Versão inédita do balé `O lago dos cisnes` estréia no Rio
RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro - Uma montagem inédita do balé "O Lago dos cisnes", coreografada pela bailarina russa Yelena Pankova, estréia no palco do Theatro Municipal do Rio nesta sexta-feira, às 20h. A temporada vai até dia 18 deste mês. Baseado em uma lenda germânica, O Lago dos Cisnes é um ballet russo, criado em 1875, que conta a história de amor entre a Princesa Odette (Cisne Branco) e o Príncipe Siegfried. Após ser enfeitiçada pelo bruxo Rothbart, ela assume a forma de cisne durante a noite e a única maneira de voltar a ser humana definitivamente é encontrar um amor puro e verdadeiro. Isso acontece quando ela conhece o príncipe Siegfried, mas o feiticeiro descobre e faz sua filha Odile (Cisne Negro) se passar por Odette. Começa aí uma batalha entre o bem e o mal. A bailarina e coreógrafa russa promete uma montagem de O Lago dos Cisnes diferente de todas que já passaram pelo palco do Municipal. Além da dança, ela pretende explorar o lado cênico dos bailarinos e oferecer um ballet mais teatral. A Princesa Odette e Odile são interpretadas pela mesma bailarina. Nessa temporada, Márcia Jaqueline, Cláudia Mota e Cecília Kerche se revezarão. No papel do príncipe Siegfried estarão Tiago Soares, Francisco Timbó e Vitor Luiz. O ballet será acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal sob a regência do maestro André Cardoso.
Fonte: JB
RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro - Uma montagem inédita do balé "O Lago dos cisnes", coreografada pela bailarina russa Yelena Pankova, estréia no palco do Theatro Municipal do Rio nesta sexta-feira, às 20h. A temporada vai até dia 18 deste mês. Baseado em uma lenda germânica, O Lago dos Cisnes é um ballet russo, criado em 1875, que conta a história de amor entre a Princesa Odette (Cisne Branco) e o Príncipe Siegfried. Após ser enfeitiçada pelo bruxo Rothbart, ela assume a forma de cisne durante a noite e a única maneira de voltar a ser humana definitivamente é encontrar um amor puro e verdadeiro. Isso acontece quando ela conhece o príncipe Siegfried, mas o feiticeiro descobre e faz sua filha Odile (Cisne Negro) se passar por Odette. Começa aí uma batalha entre o bem e o mal. A bailarina e coreógrafa russa promete uma montagem de O Lago dos Cisnes diferente de todas que já passaram pelo palco do Municipal. Além da dança, ela pretende explorar o lado cênico dos bailarinos e oferecer um ballet mais teatral. A Princesa Odette e Odile são interpretadas pela mesma bailarina. Nessa temporada, Márcia Jaqueline, Cláudia Mota e Cecília Kerche se revezarão. No papel do príncipe Siegfried estarão Tiago Soares, Francisco Timbó e Vitor Luiz. O ballet será acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal sob a regência do maestro André Cardoso.
Fonte: JB
domingo, 20 de abril de 2008
Repertório
O Lago dos Cisnes
Petipa/Carter/Alonso/ Struchakova/ Feodorva/ Pankova
Don Quixote
Petipa/ Previl/ Achcar/ Alonso
Giselle
Coralli/ Wright/Alonso
La Bayadère
Peptipa/ Makarova
A bela Adormecida
Petipa/Hynd/ Deane
Coppelia
Saint Leon / Martinez
O Quebra Nozes
Ivanov/ Leskova / Achcar/ Steevenson
Spartacus
Seregi
Floresta Amazônica
Achcar / Ashton
Lês Silphides
Fokine
Raymonda
Petipa/ Evereinoff
Paquita
Petipa / Makarova
Orfeo e Eurídice
Nebrada
Nuestros Valses
Nebrada
Diversions
Comelin
Mandarim Maravilhoso
Oscar Araiz
Adagietto
Oscar Araiz
Onegin
Jonhn Cranko
A Criação
Uwe Scholz
Pas de Deux:
Le corsaire, Gran Pas Classique, Dianna e Action,Tchaikovski, Esmeralda,Talisman
Criações especiais:
Yara
Haydèe
Dreams e Haymne e La Femme
Moreira
The Voice
Achcar
E Tome e Valsa
Silvano
Solo:
Morte do Cisne
Fokine
Petipa/Carter/Alonso/ Struchakova/ Feodorva/ Pankova
Don Quixote
Petipa/ Previl/ Achcar/ Alonso
Giselle
Coralli/ Wright/Alonso
La Bayadère
Peptipa/ Makarova
A bela Adormecida
Petipa/Hynd/ Deane
Coppelia
Saint Leon / Martinez
O Quebra Nozes
Ivanov/ Leskova / Achcar/ Steevenson
Spartacus
Seregi
Floresta Amazônica
Achcar / Ashton
Lês Silphides
Fokine
Raymonda
Petipa/ Evereinoff
Paquita
Petipa / Makarova
Orfeo e Eurídice
Nebrada
Nuestros Valses
Nebrada
Diversions
Comelin
Mandarim Maravilhoso
Oscar Araiz
Adagietto
Oscar Araiz
Onegin
Jonhn Cranko
A Criação
Uwe Scholz
Pas de Deux:
Le corsaire, Gran Pas Classique, Dianna e Action,Tchaikovski, Esmeralda,Talisman
Criações especiais:
Yara
Haydèe
Dreams e Haymne e La Femme
Moreira
The Voice
Achcar
E Tome e Valsa
Silvano
Solo:
Morte do Cisne
Fokine
sexta-feira, 18 de abril de 2008
...Bailarina brasileira mais requisitada, para apresentações internacionais
Herman Piquinn voltam a dançar juntos em Joinville, abrindo a etapa competitiva do Festival de Dança. Os dois apresentaram "Pas Classique" (foto) em, 1997
Cecília Kerche,a bailarina cigana
Bailarina completa 10 anos de participações no Festival dançando "Esmeralda" com Herman Piquinn
Joel GehlenEditor do ANFestival
Que ruflem os pandeiros, quarta-feira é dia de Cecília Kerche que encarna uma cigana, como primeira convidada especial, abrindo a noite que dá início à fase competitiva do 17 Festival de Dança de Joinville. Cecília e o bailarino do Teatro Colon, da Argentina, Herman Piquinn, apresentam o grand pas-de-deux do balé "Esmeralda", uma peça de sangue ardente talhada à medida da alma e das pernas de Cecília. A apresentação começa às 19 horas no Centro de Eventos Cau Hansen.
Esta é uma noite especial que marca os dez anos do primeiro encontro entre Cecília e o Festival de Joinville, a bailarina comemora também, duas décadas de carreira internacional.
A primeira vez que dançou em Joinville, Cecília nunca esquece. Era uma noite fria de 1989. Ela estava no palco, com o grupo Studio D 1, de Curitiba, dirigido por Dora de Paula Soares, apresentando Odete, do segundo ato do balé "O Lago dos Cisnes" (Lev Ivanov/Tchaikovsky). Cecília foi uma nívea Odete, a raínha dos cisnes ,no lago escuro do linóleo improvisado no Ginásio de Esportes Ivan Rodrigues. Quando terminou a apresentação, Cecília recebeu 15 minutos de aplausos, o público só se contentou quando a bailarina, que já estava no camarim se trocando, voltou ao para uma para uma última despedida. A grande ovação repercutiu na imprensa nacional, o que ajudou a consolidar sua carreira junto ao público brasileiro.
Desde então, Cecília retornou sete vezes a Joinville, transformando-se num símbolo para as bailarinas que concorrem no festival. Outra grande emoção, foi vivida em 1992, quando Cecília dançou o grand pas-de-deux "Diana e Actheon", com o astro argentino Maximiliano Guerra. Foi o tipo de apresentação que, "quem viu jamais esquece e quem não viu não pode crer". Cecília e Maximiliano estavam no ápice da forma física, e fizeram a apresentação mais espetacular da história do festival.
InternacionalBailarina brasileira mais requisitada, para apresentações internacionas, Cecília Kerche vem a Joinville logo depois de ter participado de um gala, na Alemanha, onde dançou com Maximiliano e o russo Alexej Dubunin, onde foi preciso abrir e fechar a cortina nada mais que 11 vezes para agradecer ao público, que não parava de aplaudir. Cecília ainda comemora seu retorno ao Ballet do TM, depois de três anos e meio afastada. Sua reestréia foi na recente temporada de "Giselle", espetáculo apresentado ontem no Festival.
Cecília e seu partner Herman Piquinn, já se apresentaram juntos em Joinville, ano retrasado, quando apresentaram o "Grand pas-classique". Piquinn, é um dos mais importantes bailarinos do Teatro Colon, de Buenos Aires (Argentina). A última vez que dançaram juntos, foi na Mostra de Florianópolis, em junho último.
A peça escolhida, para esta noite, gran pas-de-deux do balé "Esmeralda", é bastante conhecida em Joinville. Já foi apresentado em 1994, por Ana Botafogo e Linz Chang. Sua variação feminina é um dos mais recorrentes "cavalos-de-batalha" das bailarinas concorrentes no festival, sendo repetida inúmeras vezes a cada noite. "Esmeralda" é um balé romântico, de 1884, com roteiro e coreografia de Julles Perrot e música de Pugni. Baseado no romance de Vitor Hugo, "O Corcunda de Notre Dame", narra a infeliz história de amor de Quasímodo pela jovem cigana Esmeralda. O pas-de-deux que será apresentado por Cecília e Piquinn pertence ao segundo ato do balé, é o trecho em que a cigana dança com o poeta para salvá-lo da morte. "É uma versão francesa, muito charmosa, refinada e chique. Retrata todo o cavalherismo do rapaz e a feminilidade da garota, é extrememante técnico, mas também muito sensual", resume Cecília.
A apresentaçõ de uma peça de repertório clássico marca a primeira noite de competições da modalidade. A dança clássica vem ganhando espaço no Festival e, de uma " estranha no ninho", como poderia ser considerada há uns 11, 12 anos, hoje é uma das modalidades mais disputadas e de onde têm saído as últimas revelações do Festival. Revelações que tiveram, sem dúvida, Cecília Kerche como um espelho.
Cecília Kerche,a bailarina cigana
Bailarina completa 10 anos de participações no Festival dançando "Esmeralda" com Herman Piquinn
Joel GehlenEditor do ANFestival
Que ruflem os pandeiros, quarta-feira é dia de Cecília Kerche que encarna uma cigana, como primeira convidada especial, abrindo a noite que dá início à fase competitiva do 17 Festival de Dança de Joinville. Cecília e o bailarino do Teatro Colon, da Argentina, Herman Piquinn, apresentam o grand pas-de-deux do balé "Esmeralda", uma peça de sangue ardente talhada à medida da alma e das pernas de Cecília. A apresentação começa às 19 horas no Centro de Eventos Cau Hansen.
Esta é uma noite especial que marca os dez anos do primeiro encontro entre Cecília e o Festival de Joinville, a bailarina comemora também, duas décadas de carreira internacional.
A primeira vez que dançou em Joinville, Cecília nunca esquece. Era uma noite fria de 1989. Ela estava no palco, com o grupo Studio D 1, de Curitiba, dirigido por Dora de Paula Soares, apresentando Odete, do segundo ato do balé "O Lago dos Cisnes" (Lev Ivanov/Tchaikovsky). Cecília foi uma nívea Odete, a raínha dos cisnes ,no lago escuro do linóleo improvisado no Ginásio de Esportes Ivan Rodrigues. Quando terminou a apresentação, Cecília recebeu 15 minutos de aplausos, o público só se contentou quando a bailarina, que já estava no camarim se trocando, voltou ao para uma para uma última despedida. A grande ovação repercutiu na imprensa nacional, o que ajudou a consolidar sua carreira junto ao público brasileiro.
Desde então, Cecília retornou sete vezes a Joinville, transformando-se num símbolo para as bailarinas que concorrem no festival. Outra grande emoção, foi vivida em 1992, quando Cecília dançou o grand pas-de-deux "Diana e Actheon", com o astro argentino Maximiliano Guerra. Foi o tipo de apresentação que, "quem viu jamais esquece e quem não viu não pode crer". Cecília e Maximiliano estavam no ápice da forma física, e fizeram a apresentação mais espetacular da história do festival.
InternacionalBailarina brasileira mais requisitada, para apresentações internacionas, Cecília Kerche vem a Joinville logo depois de ter participado de um gala, na Alemanha, onde dançou com Maximiliano e o russo Alexej Dubunin, onde foi preciso abrir e fechar a cortina nada mais que 11 vezes para agradecer ao público, que não parava de aplaudir. Cecília ainda comemora seu retorno ao Ballet do TM, depois de três anos e meio afastada. Sua reestréia foi na recente temporada de "Giselle", espetáculo apresentado ontem no Festival.
Cecília e seu partner Herman Piquinn, já se apresentaram juntos em Joinville, ano retrasado, quando apresentaram o "Grand pas-classique". Piquinn, é um dos mais importantes bailarinos do Teatro Colon, de Buenos Aires (Argentina). A última vez que dançaram juntos, foi na Mostra de Florianópolis, em junho último.
A peça escolhida, para esta noite, gran pas-de-deux do balé "Esmeralda", é bastante conhecida em Joinville. Já foi apresentado em 1994, por Ana Botafogo e Linz Chang. Sua variação feminina é um dos mais recorrentes "cavalos-de-batalha" das bailarinas concorrentes no festival, sendo repetida inúmeras vezes a cada noite. "Esmeralda" é um balé romântico, de 1884, com roteiro e coreografia de Julles Perrot e música de Pugni. Baseado no romance de Vitor Hugo, "O Corcunda de Notre Dame", narra a infeliz história de amor de Quasímodo pela jovem cigana Esmeralda. O pas-de-deux que será apresentado por Cecília e Piquinn pertence ao segundo ato do balé, é o trecho em que a cigana dança com o poeta para salvá-lo da morte. "É uma versão francesa, muito charmosa, refinada e chique. Retrata todo o cavalherismo do rapaz e a feminilidade da garota, é extrememante técnico, mas também muito sensual", resume Cecília.
A apresentaçõ de uma peça de repertório clássico marca a primeira noite de competições da modalidade. A dança clássica vem ganhando espaço no Festival e, de uma " estranha no ninho", como poderia ser considerada há uns 11, 12 anos, hoje é uma das modalidades mais disputadas e de onde têm saído as últimas revelações do Festival. Revelações que tiveram, sem dúvida, Cecília Kerche como um espelho.
Encontro de Almas...
Onegin – A arte do movimento de um pincel sobre pontas
“Eugene Onegin”, sem dúvida é um dois mais belos momentos de inspiração na criatividade do compositor russo Tchaikovsky. Baseado no poema de Alexander Pushkin, que conta uma história romanesca do final do séc.XVIII na Rússia. De conteúdo altamente dramático, Tchaikovsky, retratou uma realidade particular, porém de forte identificação pessoal ao espectador.
Uma realidade passada em dois momentos: A vida no campo e mais tarde, numa grande cidade.
Seria o paradoxo da ingenuidade sentimental que se choca com a arrogância frívola?!
“Eugene Onegin”, é uma obra do sentimento. Uma retórica da consciência na liberdade individual trazendo a tona, o sentir de cada personagem, pois todo pensamento acompanha um sentimento.
Tchaikovsky, ao ler o poema de Alexader Pushkin, identifica sua própria realidade. Um ser humano que veio com o propósito de missionar à humanidade uma espécie de auto - entendimento. A música de Tchaikovsky é o percurso íntimo no interior de cada ser. É a luz e sombra que comporta e convive no aprisionamento corporal que todos temos, mas nada impede que pairemos como seres libertos através da sua melodia. Esse missionar de liberdade é a proposta visceral na música e na história contada por seus personagens.
Em uma época de grandes mudanças, onde predominava um forte sentimento nacionalista, Tchaikovsky não se limita a padrões enérgicos de patriotismo, sua liberdade de compor é resguardada, sem perder a noção ética aos seus compatriotas que buscavam libertar-se dos moldes da música ocidental e retornar ao folclore russo.
A temática do drama gira em torno de: Onegin, Tatiana, Olga, Lenski e o Príncipe Gremin.
Tatiana é uma jovem, cuja principal característica não está em ser sonhadora, mas na pureza de coração. Seu temperamento é maduro e reflexivo, pois sua realidade, não está no externo, mas no interior de cada pessoa de seu convívio, por isso, não se incomoda com as “provocações” de Olga, sua irmã e de suas amigas. Tatiana não percebe o que está a sua volta como imediato e definitivo. Ela consegue separar o efêmero do verdadeiro, daí tanto sofrimento e sensibilidade.
Olga possui um temperamento oposto, é impulsiva, agitada extrovertida.
Em sua casa de campo recebem a visita do poeta Lenski e de seu amigo Eugene Onegin, homem arrogante e frio. Enquanto Lenski seu amigo de temperamento doce e cordial declara seu amor por Olga, Onegin permanece distante em relação à Tatiana, que se sente atraída por uma personalidade tão misteriosa e intrigante como a de Onegin, e isso lhe dá coragem de escrever-lhe uma linda carta de amor.
Durante um baile oferecido pelo aniversário de Tatiana, Onegin corteja Olga para se vingar das observações desagradáveis que ouve a seu respeito. Furioso, Lenski provoca-o a um duelo. Ao amanhecer, Onegin mata seu amigo.
Anos mais tarde, numa festa na casa do Príncipe Gremin, Onegin reconhece uma mulher resplandecente. É Tatiana! Esposa do Príncipe Gremin. Este, radiante de felicidade e o recebe com todas as honras.
Onegin, revê o seu passado tão hostil e constata um presente vazio. Mesmo assim, seu fascínio por Tatiana o faz declarar seus sentimentos ainda trazidos do passado. Tatiana não nega sua paixão por Onegin, mesmo porque em sua transparência não conseguiria negar seus sentimentos, ao rever o grande amor do passado, mas reconhece que vive outra realidade. Casada e feliz ao lado de um homem que a ama, onde existe a reciprocidade de um sentimento mais maduro. Numa atitude definitiva e dolorosa, manda Onegin embora. Esse se afasta desesperado.
Ópera e Ballet: duas formas distintas de contar uma linda e comovente história de amor.
O coreógrafo John Cranko (natural da África do Sul – Rustenburg, em 1927 e faleceu em 1973) cria para o Ballet de Stuttgart - ONEGIN . que estreou no Brasil em 1979.
Em 2003 entrou para o repertório da Companhia de Ballett do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com reapresentação em 2004 e agora em 2006.
John Cranko, dá continuidade idéia de Tchaikovsky através da arte do movimento, criando genialmente um desdobramento virtual.
Onegin é um ballet de grande força teatral, pelas linhas e desenhos coreográficos comoventes na sua comunicação. Despertando a dramaticidade teatral de bailarinos, que contam de forma magistral este drama de sentimento.
A música rompe com um vigor de alegria entre metais e percussão, retratando o modo de vida de cada personagem.
Ao abrir da cortina, dois “mundos”, são apresentados em expectativas distintas.
Tatiana, uma imagem límpida do sonho e do romantismo: Uma jovem que mantém seus pensamentos introspectivos, sublimados, todavia sua irmã Olga destaca-se pela irreverência, realista e de um temperamento alegre.
Tatiana, não se sente agredida pelo que está a sua volta, pois o que a fascina é o seu próprio interior, a sua leitura reflexiva, que a faz “voar” e sonhar muito mais alto e longe do que as brincadeiras divertidas, de Olga sua irmã e de suas amigas.
Com chegada de Onegin o tema musical modifica o que vinha sendo narrado entre brincadeiras e puro divertimento na vida do campo. O tema musical anuncia um teor sombrio, até mesmo contendo uma certa frieza.
No momento em que Onegin e Tatiana dialogam, a música de Tchaikovsky reproduz uma grande expectativa por parte de Tatiana. Seus pensamentos divagam na tentativa de penetrar no interior daquela figura altiva, ao mesmo tempo hostil. Sua intimidade se identifica com esse mistério e contagia o espectador. Compõe-se um quadro de luz e sombra na sublime interpretação da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche, na personagem Tatiana. Cecília se deixa levar pela música de Tchaikovsky na pintura desse quadro de luz e sombra. Sobre pontas, a bailarina empresta sua sensibilidade para ir pintando a imagem do interior da alma do compositor, Cecília Kerche percorre o mundo de sombras, mas sua arte ilumina o sentimento de Tatiana. Seu coração resplandece desejo de uma possível felicidade.
Cristiane Quintan, sua alegria e emoção ao viver a personagem Olga. Um temperamento extrovertido e alegre à bailarina de temperamento sorridente e de bem com sua arte. Cristiane e Olga se revezam, numa jovialidade “inconseqüente” e provocação adolescente. Numa qualidade bela extravagante de rebeldia romântica interpretada por Quintan.
O Corpo de Baile compõe esta linda festa, nos brindando com suas exímias diagonais, engrandecendo todo o espetáculo transportando o ambiente para a tela mental do espectador, que viaja para a época do folclore russo, deixando-se levar pelo entusiasmo e pela vibração contagiante.
A visita de Lenski - Vítor Luiz acompanhado por seu amigo Onegin. É a entrada triunfal esperada na vida de um primeiro bailarino - uma aparição em cena de grande expectativa para o público que já conhece a sua grandiosidade clássica. Vítor Luiz é um orgulho nacional, onde talento e arte transpiram categoria e simplicidade. Um personagem feito para ele. E ele o defende, apresentando sua técnica com toda dignidade que se espera de um primor de total nobreza: Um momento de dor e solidão, em que a música narra a melancolia, na sonoridade das trompas e na tristeza do oboé. O que estará por vir no destino desse poeta? O poeta Lenski possui um temperamento bem humorado, doce, às vezes lacônico. Sonhador no momento certo, galante e sedutor na medida exata. Acima de tudo leal, assim é o bailarino Vítor Luiz na sua profissão. Um artista leal na sua convicção de amor pela dança. Um poeta também na arte do movimento. Lenski sofre, se despede da vida independente do seu destino, pois jamais pensaria num desfecho trágico do seu amor por Olga e sua amizade por Onegin.
Vítor Luiz, responde com sua arte em melancolia e desencanto da própria vida. O poeta Lenski se despede, o intérprete Vítor Luiz perpetua seu talento em nossos corações.
Onegin é a sombra de um ser humano egocêntrico e hostil. Incapaz de corresponder à docilidade de um sentimento puro, porque somente conhece a frieza da sua arrogância. Sua personalidade, reproduzida pelas cordas: Cellos , violinos e a sutil fatalidade conduzida pelo solo da flauta, mantendo sempre o clima sombrio.
Francisco Timbó na figura de Onegin transmite a segurança de um artista experiente e dedicado ao seu trabalho. Onegin é hostil, conflituoso. Não entende o significado de um amor puro verdadeiro, intenso somente a dor o torna mais sensível, numa condição em que a vida e o tempo não voltam atrás. Francisco Timbó tem total consciência desse amargor de seu personagem e faz memória ao público que acompanha sua carreira vivenciando personalidades marcantes, com a dedicação emocionada de um artista por sua arte.
Tatiana é a personalidade que Tchaikovsky admira, por sua coragem e ingenuidade, pois o amor é ingênuo e essa personalidade se funde na persona da Primeira bailarina – Cecília Kerche. Sua elegância clássica é um talento, que desperta admiração e reverência, pela categoria inigualável de sua arte, assim como Tatiana. Uma jovem, que não apenas escreve uma carta de amor, mas a coragem de uma mulher apaixonada, que não mede as conseqüências do seu ato.
Tatiana, ao se ver no espelho percebe a dimensão do seu sonho, que adquire uma realidade palpável no momento dramático da orquestra; Cecília responde a essa emoção, que conduz a temática do drama, desfrutando da força interpretativa da bailarina. Um momento forte, de vibração tênue, ao mesmo tempo arrojada. É a sensibilidade estética de Cecília Kerche que vem à tona em ballets fortes como Onegin. Cecília reúne: emoção, interpretação e movimento, numa forma lúdica em que a platéia recebe e decodifica como arte=beleza.
Tempos depois o drama de Pushkin, dá uma resposta à vida.
O príncipe Gremin interpretado por Carlos Cabral, um partner de natureza clássica, um bailarino que ama a sua arte, com o mesmo respeito e felicidade que seu personagem nobre tem por sua esposa Tatiana.
Que grande emoção alicerçada pelo teor musical romântico, melancólico que resulta num misto de força entre paixão e amor. É a maturidade artística de uma das principais bailarinas internacionais, amparada pela correspondência clássica de um bailarino de arte refinada, uma delicadeza suave respeitando a sua liberdade de movimento. É o cortejar musical triunfante da nobreza e da sensibilidade de Carlos Cabral, que docemente se entrega à realeza instintiva de Kerche.
A Obra de Pushkin adquire uma capacidade verídica não apenas por falar de “sentimento”.
O sentimento de decepção de Tatiana em relação a Onegin logo após a tragédia de vê-lo matar o noivo de sua irmã, recai sobre ele o ressentir de um passado, onde acumulou vazio e em seu presente, remorso.
Tatiana ao rasgar a carta de Onegin rompe com a platéia toda dor de um passado que ela não tem como apagar.
O chamado – “Leitmotiv” criado por Wagner, não aparece formalmente na música de Tchaikovsky, Todavia, entre a forma lúdica e genialidade na execução, interfere na criação do compositor que se deixa levar pelo “Leitmotiv” composto na construção da personagem Tatiana – e é Cecília Kerche quem reconta e conduz este drama. Sua estrutura de identificação sensível à personagem é tão verídica e harmonicamente tão bem assimilada que ultrapassa a formalidade musical de Tchaikovsky, criando uma identidade de força e romantismo. Já não presenciamos apenas a história apaixonante de Tatiana, mas a vivenciamos na liberdade artística criativa no suavizar de um pincel sobre pontas, na tela do imaginário do espectador, que contempla com emoção a arte de Cecília Kerche.
Wellen de Barros
17/11/06
“Eugene Onegin”, sem dúvida é um dois mais belos momentos de inspiração na criatividade do compositor russo Tchaikovsky. Baseado no poema de Alexander Pushkin, que conta uma história romanesca do final do séc.XVIII na Rússia. De conteúdo altamente dramático, Tchaikovsky, retratou uma realidade particular, porém de forte identificação pessoal ao espectador.
Uma realidade passada em dois momentos: A vida no campo e mais tarde, numa grande cidade.
Seria o paradoxo da ingenuidade sentimental que se choca com a arrogância frívola?!
“Eugene Onegin”, é uma obra do sentimento. Uma retórica da consciência na liberdade individual trazendo a tona, o sentir de cada personagem, pois todo pensamento acompanha um sentimento.
Tchaikovsky, ao ler o poema de Alexader Pushkin, identifica sua própria realidade. Um ser humano que veio com o propósito de missionar à humanidade uma espécie de auto - entendimento. A música de Tchaikovsky é o percurso íntimo no interior de cada ser. É a luz e sombra que comporta e convive no aprisionamento corporal que todos temos, mas nada impede que pairemos como seres libertos através da sua melodia. Esse missionar de liberdade é a proposta visceral na música e na história contada por seus personagens.
Em uma época de grandes mudanças, onde predominava um forte sentimento nacionalista, Tchaikovsky não se limita a padrões enérgicos de patriotismo, sua liberdade de compor é resguardada, sem perder a noção ética aos seus compatriotas que buscavam libertar-se dos moldes da música ocidental e retornar ao folclore russo.
A temática do drama gira em torno de: Onegin, Tatiana, Olga, Lenski e o Príncipe Gremin.
Tatiana é uma jovem, cuja principal característica não está em ser sonhadora, mas na pureza de coração. Seu temperamento é maduro e reflexivo, pois sua realidade, não está no externo, mas no interior de cada pessoa de seu convívio, por isso, não se incomoda com as “provocações” de Olga, sua irmã e de suas amigas. Tatiana não percebe o que está a sua volta como imediato e definitivo. Ela consegue separar o efêmero do verdadeiro, daí tanto sofrimento e sensibilidade.
Olga possui um temperamento oposto, é impulsiva, agitada extrovertida.
Em sua casa de campo recebem a visita do poeta Lenski e de seu amigo Eugene Onegin, homem arrogante e frio. Enquanto Lenski seu amigo de temperamento doce e cordial declara seu amor por Olga, Onegin permanece distante em relação à Tatiana, que se sente atraída por uma personalidade tão misteriosa e intrigante como a de Onegin, e isso lhe dá coragem de escrever-lhe uma linda carta de amor.
Durante um baile oferecido pelo aniversário de Tatiana, Onegin corteja Olga para se vingar das observações desagradáveis que ouve a seu respeito. Furioso, Lenski provoca-o a um duelo. Ao amanhecer, Onegin mata seu amigo.
Anos mais tarde, numa festa na casa do Príncipe Gremin, Onegin reconhece uma mulher resplandecente. É Tatiana! Esposa do Príncipe Gremin. Este, radiante de felicidade e o recebe com todas as honras.
Onegin, revê o seu passado tão hostil e constata um presente vazio. Mesmo assim, seu fascínio por Tatiana o faz declarar seus sentimentos ainda trazidos do passado. Tatiana não nega sua paixão por Onegin, mesmo porque em sua transparência não conseguiria negar seus sentimentos, ao rever o grande amor do passado, mas reconhece que vive outra realidade. Casada e feliz ao lado de um homem que a ama, onde existe a reciprocidade de um sentimento mais maduro. Numa atitude definitiva e dolorosa, manda Onegin embora. Esse se afasta desesperado.
Ópera e Ballet: duas formas distintas de contar uma linda e comovente história de amor.
O coreógrafo John Cranko (natural da África do Sul – Rustenburg, em 1927 e faleceu em 1973) cria para o Ballet de Stuttgart - ONEGIN . que estreou no Brasil em 1979.
Em 2003 entrou para o repertório da Companhia de Ballett do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com reapresentação em 2004 e agora em 2006.
John Cranko, dá continuidade idéia de Tchaikovsky através da arte do movimento, criando genialmente um desdobramento virtual.
Onegin é um ballet de grande força teatral, pelas linhas e desenhos coreográficos comoventes na sua comunicação. Despertando a dramaticidade teatral de bailarinos, que contam de forma magistral este drama de sentimento.
A música rompe com um vigor de alegria entre metais e percussão, retratando o modo de vida de cada personagem.
Ao abrir da cortina, dois “mundos”, são apresentados em expectativas distintas.
Tatiana, uma imagem límpida do sonho e do romantismo: Uma jovem que mantém seus pensamentos introspectivos, sublimados, todavia sua irmã Olga destaca-se pela irreverência, realista e de um temperamento alegre.
Tatiana, não se sente agredida pelo que está a sua volta, pois o que a fascina é o seu próprio interior, a sua leitura reflexiva, que a faz “voar” e sonhar muito mais alto e longe do que as brincadeiras divertidas, de Olga sua irmã e de suas amigas.
Com chegada de Onegin o tema musical modifica o que vinha sendo narrado entre brincadeiras e puro divertimento na vida do campo. O tema musical anuncia um teor sombrio, até mesmo contendo uma certa frieza.
No momento em que Onegin e Tatiana dialogam, a música de Tchaikovsky reproduz uma grande expectativa por parte de Tatiana. Seus pensamentos divagam na tentativa de penetrar no interior daquela figura altiva, ao mesmo tempo hostil. Sua intimidade se identifica com esse mistério e contagia o espectador. Compõe-se um quadro de luz e sombra na sublime interpretação da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche, na personagem Tatiana. Cecília se deixa levar pela música de Tchaikovsky na pintura desse quadro de luz e sombra. Sobre pontas, a bailarina empresta sua sensibilidade para ir pintando a imagem do interior da alma do compositor, Cecília Kerche percorre o mundo de sombras, mas sua arte ilumina o sentimento de Tatiana. Seu coração resplandece desejo de uma possível felicidade.
Cristiane Quintan, sua alegria e emoção ao viver a personagem Olga. Um temperamento extrovertido e alegre à bailarina de temperamento sorridente e de bem com sua arte. Cristiane e Olga se revezam, numa jovialidade “inconseqüente” e provocação adolescente. Numa qualidade bela extravagante de rebeldia romântica interpretada por Quintan.
O Corpo de Baile compõe esta linda festa, nos brindando com suas exímias diagonais, engrandecendo todo o espetáculo transportando o ambiente para a tela mental do espectador, que viaja para a época do folclore russo, deixando-se levar pelo entusiasmo e pela vibração contagiante.
A visita de Lenski - Vítor Luiz acompanhado por seu amigo Onegin. É a entrada triunfal esperada na vida de um primeiro bailarino - uma aparição em cena de grande expectativa para o público que já conhece a sua grandiosidade clássica. Vítor Luiz é um orgulho nacional, onde talento e arte transpiram categoria e simplicidade. Um personagem feito para ele. E ele o defende, apresentando sua técnica com toda dignidade que se espera de um primor de total nobreza: Um momento de dor e solidão, em que a música narra a melancolia, na sonoridade das trompas e na tristeza do oboé. O que estará por vir no destino desse poeta? O poeta Lenski possui um temperamento bem humorado, doce, às vezes lacônico. Sonhador no momento certo, galante e sedutor na medida exata. Acima de tudo leal, assim é o bailarino Vítor Luiz na sua profissão. Um artista leal na sua convicção de amor pela dança. Um poeta também na arte do movimento. Lenski sofre, se despede da vida independente do seu destino, pois jamais pensaria num desfecho trágico do seu amor por Olga e sua amizade por Onegin.
Vítor Luiz, responde com sua arte em melancolia e desencanto da própria vida. O poeta Lenski se despede, o intérprete Vítor Luiz perpetua seu talento em nossos corações.
Onegin é a sombra de um ser humano egocêntrico e hostil. Incapaz de corresponder à docilidade de um sentimento puro, porque somente conhece a frieza da sua arrogância. Sua personalidade, reproduzida pelas cordas: Cellos , violinos e a sutil fatalidade conduzida pelo solo da flauta, mantendo sempre o clima sombrio.
Francisco Timbó na figura de Onegin transmite a segurança de um artista experiente e dedicado ao seu trabalho. Onegin é hostil, conflituoso. Não entende o significado de um amor puro verdadeiro, intenso somente a dor o torna mais sensível, numa condição em que a vida e o tempo não voltam atrás. Francisco Timbó tem total consciência desse amargor de seu personagem e faz memória ao público que acompanha sua carreira vivenciando personalidades marcantes, com a dedicação emocionada de um artista por sua arte.
Tatiana é a personalidade que Tchaikovsky admira, por sua coragem e ingenuidade, pois o amor é ingênuo e essa personalidade se funde na persona da Primeira bailarina – Cecília Kerche. Sua elegância clássica é um talento, que desperta admiração e reverência, pela categoria inigualável de sua arte, assim como Tatiana. Uma jovem, que não apenas escreve uma carta de amor, mas a coragem de uma mulher apaixonada, que não mede as conseqüências do seu ato.
Tatiana, ao se ver no espelho percebe a dimensão do seu sonho, que adquire uma realidade palpável no momento dramático da orquestra; Cecília responde a essa emoção, que conduz a temática do drama, desfrutando da força interpretativa da bailarina. Um momento forte, de vibração tênue, ao mesmo tempo arrojada. É a sensibilidade estética de Cecília Kerche que vem à tona em ballets fortes como Onegin. Cecília reúne: emoção, interpretação e movimento, numa forma lúdica em que a platéia recebe e decodifica como arte=beleza.
Tempos depois o drama de Pushkin, dá uma resposta à vida.
O príncipe Gremin interpretado por Carlos Cabral, um partner de natureza clássica, um bailarino que ama a sua arte, com o mesmo respeito e felicidade que seu personagem nobre tem por sua esposa Tatiana.
Que grande emoção alicerçada pelo teor musical romântico, melancólico que resulta num misto de força entre paixão e amor. É a maturidade artística de uma das principais bailarinas internacionais, amparada pela correspondência clássica de um bailarino de arte refinada, uma delicadeza suave respeitando a sua liberdade de movimento. É o cortejar musical triunfante da nobreza e da sensibilidade de Carlos Cabral, que docemente se entrega à realeza instintiva de Kerche.
A Obra de Pushkin adquire uma capacidade verídica não apenas por falar de “sentimento”.
O sentimento de decepção de Tatiana em relação a Onegin logo após a tragédia de vê-lo matar o noivo de sua irmã, recai sobre ele o ressentir de um passado, onde acumulou vazio e em seu presente, remorso.
Tatiana ao rasgar a carta de Onegin rompe com a platéia toda dor de um passado que ela não tem como apagar.
O chamado – “Leitmotiv” criado por Wagner, não aparece formalmente na música de Tchaikovsky, Todavia, entre a forma lúdica e genialidade na execução, interfere na criação do compositor que se deixa levar pelo “Leitmotiv” composto na construção da personagem Tatiana – e é Cecília Kerche quem reconta e conduz este drama. Sua estrutura de identificação sensível à personagem é tão verídica e harmonicamente tão bem assimilada que ultrapassa a formalidade musical de Tchaikovsky, criando uma identidade de força e romantismo. Já não presenciamos apenas a história apaixonante de Tatiana, mas a vivenciamos na liberdade artística criativa no suavizar de um pincel sobre pontas, na tela do imaginário do espectador, que contempla com emoção a arte de Cecília Kerche.
Wellen de Barros
17/11/06
Homenagem especial...
Cecilia Kerche – A lágrima de Tchaikovsky no movimento
A temporada do ballet “O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky contou com a experiência e sensibilidade da bailarina e coreógrafa russa - Yelena Pankova d’après Marius Petipa e Lev Ivanov.
Numa proposta mais etérea, onde a metamorfose do compositor da obra no personagem de Odette/cisne, busca a força representativa do corpo de baile durante todo tempo, culminando no imaginário coletivo a que se propõe Tchaikovsky na figura de Odyle.
Uma estréia memorável, seguindo a tradição dos grandes teatros internacionais, principalmente na delicadeza e sensibilidade de seus idealizadores, ao homenagear três personalidades do ballet brasileiro e internacional: Aldo Loutufo, Bertha Rosanova e Cecília Kerche.
Um bonito programa de homenagem distribuído logo na entrada do Teatro, oferecendo ao público uma rara oportunidade de testemunhar o reconhecimento de um trabalho digno e que dá muito orgulho aos brasileiros.
Uma platéia feliz, artistas que vieram prestigiar, recordar, abraçar seus amigos artistas do palco e mais o público anônimo fiel, verdadeiro responsável pelo reconhecimento de seus ídolos.
Um elenco de solistas e corpo de baile, fazendo eco a seus colegas homenageados.
Marcelo Misailidis que, na interpretação carismática do feiticeiro Von Rothbart, é o manifesto claro e ao mesmo tempo simbólico do poder manipulador. Uma presença de admiração e hostilidade.
Rodrigo Negri, num virtuosismo cômico e solitário do seu personagem, é a imagem nítida do “bôbo” da Corte, muito atual.
Com a dignidade de um lord, Vítor Luiz na sua interpretação ilumina, o destino de Sigfried, seu personagem - um jovem fragilizado pela imponência de uma família aristocrática. É um talento clássico, natural a um primeiro bailarino, com movimentos precisos e a suaves no acabamento da sabedoria dos deuses...
Uma nobreza límpida trazida extra-palco, que auxilia seu personagem no encontro da maturidade interior. Esta maturidade de sentimentos de Vítor Luiz, resulta na audácia da entrega ao seu personagem, numa sinceridade tardia, porém remediável a seu arrependimento, para encontrar a verdadeira felicidade, ultrapassando a morte.
Simplicidade, beleza, talento e determinação, alguns atributos indispensáveis a carreira de um verdadeiro “príncipe” guiado pela corte celeste.
Para celebrar uma noite de homenagem, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ninguém melhor do que o mestre romântico, Tchaikovsky para com sua sensível genialidade em decodificar a alma humana, nos fazer refletir, sonhar, emocionar e transformar-nos.
O Theatro, para tanto, conta com a presença de sua diva maior - Cecília Kerche, considerada melhor intérprete de Odette/Odyle nas últimas décadas. Compositor e intérprete se complementam num mundo pessoal e coletivo, transfiguram a própria divindade.
Era muito comum na época de Tchaikovsky haver uma espécie de parceria entre compositor e coreógrafo. Aqui, porém, estabeleceu-se mais do que uma parceria entre compositor e bailarina. Firmou-se uma identidade intransponível.
A performance de Cecília Kerche, ao interpretar as personagens Odette/Odyle, faz brotar nos olhos do espectador a lágrima de Tchaikovsky através da sua emoção.
É a liberdade interior do ser humano. Cecília Kerche que conduz uma espécie de auto-revelação do compositor, compreendida de forma natural pelo público, que presencia esse diálogo, tão particular: A dor conflituosa do aprisionamento humano pessoal, de Tchaikovsky e a emoção de Cecília.
O lirismo da sua personagem Odette, lindamente descrita por um belo fraseado musical visível através de seus movimentos, faz-nos entender a plumagem da ave incorporada a uma tristeza secreta de sua alma de cisne.
É a metáfora do ser humano solitário cercado de angústia e medo.
Essa mesma liberdade interior da intérprete capta o universo imaginário coletivo que Tchaikovsky expõe sobre poder e manipulação, onde sedução e arrogância dão lugar a egoísmo e arrependimento.
Na personalidade de Odyle compreende-se o arquétipo de dualidade existente no ser humano. A sensibilidade da artista/bailarina, surpreende com a clareza formal e inquietante do simbolismo psicológico, que é narrado através do virtuosismo de máxima intensidade expressiva por sua dramaticidade.
Assistimos a um diálogo entre almas, num profundo entendimento da busca de sentido entre liberdade interior e aprisionamento humano. Metamorfose pessoal em poesia musical, narrada em grau de excelência na arte de Cecília Kerche – a lágrima de Tchaikovsky no movimento.
Wellen de Barros
20/09/06
*publicado no site http://www.elianacaminada.net/
Encontro de Almas (parte I)
Onegin
A principal Companhia de ballet do país, que é a Companhia de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro encerra a temporada do ano de 2003 contemplando seu maior patrimônio cultural - seus integrantes.
Pode-se dizer que é uma grande e merecida homenagem viver a personagem Tatiana para uma diva internacional do ballet no Brasil : CECÍLIA KERCHE.
Uma personalidade da dança vivendo o drama de um dos mais respeitados escritores russos do séc.XIX Alexander Pushkin.
“Eugene Onegin” propõe à humanidade, uma reflexão sobre: sentimento e ressentimento, egoísmo e generosidade, destino e fatalidade.
A temática desse drama está na impossibilidade de escapar de um destino adverso; a dificuldade em atingir a felicidade e uma ambigüidade das relações sentimentais entre pessoas predestinadas ao sofrimento.
A tragédia de Tatiana assemelha-se ao destino cruel e fatal de Tchaikovsky ambos marcados por uma vida nostálgica de uma “impossível felicidade”. Tatiana é o espelho por onde Tchaikovsky se reconhece.
Cecília Kerche – um perfil de bailarina russa, considerada por Natalia Makarova como melhor Odette - Odile do mundo, faz a tradição do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Nessa temporada de Onegin tivemos emocionantes atuações não só referente à personagem principal,
mas tivemos uma atuação jovem e significativa de Bruno Rocha como Lensky e Cristiane Quintan no papel de Olga.
Francisco Timbó vivendo Onegin, dedicação e entrega para viver um grande personagem..
Um momento feliz e de grande emoção nesse ballet é a atuação de Carlos Cabral no papel do Príncipe Gremin, um verdadeiro nobre protegendo uma diva, no Pas- de- Deux do terceiro ato - uma cena linda!
E o corpo de baile, com diagonais perfeitas, enobrece esse espetáculo com uma atuação impecável.
Cecília Kerche: Uma brasileira de coração eslavoCecília Kerche empresta sua elegância clássica para viver a personagem mais amada por Tchaikovsky.
Seu percurso em Tatiana é comovente tamanha afinidade de ambas, e sua aparição logo no primeiro ato nos conduz a atmosfera do temperamento russo de sua personagem.
No monólogo da carta, momento alto desse ballet., essa brasileira de coração eslavo, através do sonho de sua personagem, transmite o que Rudolf von Laban chama de: movimento – pensamento – sentimento.
A expectativa de Tatiana em relação ao amor de Onegin, a exaltação e a melancolia, são vividos não apenas no desejo de sua personagem, mas no que se passa na alma de Tchaikovsky.
Cecília Kerche é naturalmente fiel à concepção de John Cranko sobre o drama de Pushkin, sem perder o romantismo evolvente da música de Tchaikovsky.
No terceiro ato, a maturidade de Tatiana revivendo o passado e renunciando ao futuro, é o ápice da maturidade da intérprete que atualiza uma fatalidade.
Uma bailarina profundamente comprometida com sua arte usufrui de uma sensibilidade estética que norteia sua performance.
Solidão sublimada na vida real, amor eterno na ficção - esse é o destino de Tatiana.
Wellen de Barros
Cantora Lírica do T.M.R.J13/12/2003
* artigo publicado no site: http://www.portaldafamilia.org/
A principal Companhia de ballet do país, que é a Companhia de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro encerra a temporada do ano de 2003 contemplando seu maior patrimônio cultural - seus integrantes.
Pode-se dizer que é uma grande e merecida homenagem viver a personagem Tatiana para uma diva internacional do ballet no Brasil : CECÍLIA KERCHE.
Uma personalidade da dança vivendo o drama de um dos mais respeitados escritores russos do séc.XIX Alexander Pushkin.
“Eugene Onegin” propõe à humanidade, uma reflexão sobre: sentimento e ressentimento, egoísmo e generosidade, destino e fatalidade.
A temática desse drama está na impossibilidade de escapar de um destino adverso; a dificuldade em atingir a felicidade e uma ambigüidade das relações sentimentais entre pessoas predestinadas ao sofrimento.
A tragédia de Tatiana assemelha-se ao destino cruel e fatal de Tchaikovsky ambos marcados por uma vida nostálgica de uma “impossível felicidade”. Tatiana é o espelho por onde Tchaikovsky se reconhece.
Cecília Kerche – um perfil de bailarina russa, considerada por Natalia Makarova como melhor Odette - Odile do mundo, faz a tradição do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Nessa temporada de Onegin tivemos emocionantes atuações não só referente à personagem principal,
mas tivemos uma atuação jovem e significativa de Bruno Rocha como Lensky e Cristiane Quintan no papel de Olga.
Francisco Timbó vivendo Onegin, dedicação e entrega para viver um grande personagem..
Um momento feliz e de grande emoção nesse ballet é a atuação de Carlos Cabral no papel do Príncipe Gremin, um verdadeiro nobre protegendo uma diva, no Pas- de- Deux do terceiro ato - uma cena linda!
E o corpo de baile, com diagonais perfeitas, enobrece esse espetáculo com uma atuação impecável.
Seu percurso em Tatiana é comovente tamanha afinidade de ambas, e sua aparição logo no primeiro ato nos conduz a atmosfera do temperamento russo de sua personagem.
No monólogo da carta, momento alto desse ballet., essa brasileira de coração eslavo, através do sonho de sua personagem, transmite o que Rudolf von Laban chama de: movimento – pensamento – sentimento.
A expectativa de Tatiana em relação ao amor de Onegin, a exaltação e a melancolia, são vividos não apenas no desejo de sua personagem, mas no que se passa na alma de Tchaikovsky.
Cecília Kerche é naturalmente fiel à concepção de John Cranko sobre o drama de Pushkin, sem perder o romantismo evolvente da música de Tchaikovsky.
No terceiro ato, a maturidade de Tatiana revivendo o passado e renunciando ao futuro, é o ápice da maturidade da intérprete que atualiza uma fatalidade.
Uma bailarina profundamente comprometida com sua arte usufrui de uma sensibilidade estética que norteia sua performance.
Solidão sublimada na vida real, amor eterno na ficção - esse é o destino de Tatiana.
Wellen de Barros
Cantora Lírica do T.M.R.J13/12/2003
* artigo publicado no site: http://www.portaldafamilia.org/
Críticas publicadas
CECÍLIA KERCHE: A CRIAÇÃO Eliana Caminada Não resta a menor dúvida de que o nome e a bailarina Cecília Kerche dispensam elogios; sua dança é reconhecida demais, sua fama ultrapassou fronteiras e a coloca acima de opiniões que não passam disso: meras opiniões. Entretanto, não pude me furtar a falar sobre sua atuação no espetáculo "A Criação" de Uwe Scholz, levado à cena pelo Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio. O espetáculo impressiona assim que a cortina se abre e diante dos olhos do espectador surge o palco do Municipal totalmente aberto, com sua urdidura, suas varandas, seu vitral, suas "pernas", coxias, portas, janelões. Lindo, profundamente lindo porque... Ah, não sei explicar porque amo palco de grandes teatros totalmente despojados de seus recursos, de sua magia. Paradoxo: nessa hora é que se vê o quanto essa magia existe e o quanto é, ao mesmo tempo, real. A solução está longe de ser original; contudo, nunca envelhece. Foi exatamente assim que Oscar Araiz encenou Magnificat de Bach na primeira - e muito mais bela - versão montada para nós em 1974; lembro-me de que eu e Aldo Lotufo, com quem eu tinha o privilégio de dividir o palco, ficamos envolvidos pela atmosfera que emanava daquele lugar. Mas Uwe Scholz vai adiante, tem mais recursos e um vocabulário de infinitas possibilidades. Essa não é uma primeira impressão da obra desse coreógrafo que morreu tão moço. Neoclássico? Contemporâneo? Atual e ponto. Rótulos importam? Para que? Para quem? A companhia inteira trabalhando à vista do público é outra visão que amo sinceramente, ou seja, percebi que com aquela música divina e essa introdução a noite seria maravilhosa. E foi! Foi uma das grandes noites do Corpo de Baile, dessas que a gente pensa que nunca mais vai acontecer e milagrosamente acontece. Vieram os solistas - como temos bons bailarinos. Mais do que isso: o Corpo de Baile, quando bem aproveitado, deixa claro que está vivo, que tem garra e que tradição faz diferença. Quero sim, dizer com isso, que temos uma tradição, reconheçam ou não, e que ela precisa ser preservada, cultivada e objeto de orgulho. O espetáculo vai acontecendo, bonito, pura harmonia. Novo quadro. Uma bailarina começa a se movimentar. Eric, meu marido, me disse - ele nunca vê programa antes do espetáculo: "Eliana, é Cecília Kerche". Do Aurélio: Integrar (do lat. Integrate) V.t.d. 1. Tornar inteiro, completar, inteirar, integralizar... Creio que a própria palavra define a participação de Cecília em A Criação. Fiquei sensibilizada. Ali estava, integrada, ligada, re-ligada a seus companheiros uma das maiores bailarinas que o Brasil já produziu, um de seus maiores mitos. Generosa, emprestou seu brilho pessoal, sua experiência e seu carisma justamente quando o Corpo de Baile mais precisa dela. O momento do ballet é um privilégio e Cecília, distante de clássicos de repertório, se revelou mais do que grande bailarina: uma grande personalidade. Não sei o que ela mesma sente dançando A Criação. O que transmite? Também não sei dizer, as palavras têm seus limites. O que senti com clareza foi o que o peso de sua presença influenciou de tal modo a encenação que, quem sabe? entendi tudo o mais: a presença feliz da companhia dançando como tal, como um conjunto de artistas que ama aquela casa e a opção por aquela vida. Mais tarde, refletindo, pensei em coisas de bailarina mesmo. Será que os colegas de Cecília já pararam de olhar o óbvio, suas pernas e pés, e olharam para a beleza de seus braços e de suas mãos? Conselho não se dá, mas hoje estou contrariando o bom senso. Pessoal, olhem para cima para verem o fundamento que faz da bailarina Cecília o que ela é. Ou jamais entenderão porque nem todo bailarino com perna alta, pés lindos e giros fáceis desenvolvem carreira solo. Enquanto um bailarino não encontra a maturidade implícita no acabamento, personalidade e beleza de seus movimentos, movimentos entendidos pelos braços e pelas mãos, não pode considerar que ultrapassou o estágio de excelente aluno adiantado ou de grande promessa. E por incrível que pareça, há bailarinos que terminam sua vida de performers e não atingiram esse estágio maior, acima de marcas atléticas, imprescindíveis para festivais, quase acessórias quando o que está em jogo é o intérprete. Não por acaso, interpretar "A Morte do Cisne", que tem pas-de-bourré, primeiro passo que executamos na ponta, como passo básico, é tão absolutamente difícil; é uma obra-prima, na qual poucas bailarinas se consagram e quando conseguem, em geral, não estão muito jovens. Lembrei-me de Cecília este ano em Joinville, homenageada e integrante da banca de jurados de clássico, como eu, João Vlamir, Ismael Guiser e Tíndaro Silvano. Impressionou-me, então, sua preocupação em ser brasileira, em assumir orgulhosamente o papel de embaixatriz brasileira da dança; tocou-me percebê-la encantada com as lindas crianças preparadas exclusivamente por professores da sua terra; aprendi vendo-a orientar candidatos, transmitindo o que tem recebido de mestres consagrados e internacionais sem esquecer, por um momento sequer, de que é uma bailarina brasileira e de que foi assim que ela conquistou seu lugar no mundo. Inclusive na Rússia. Saí do Theatro com a velha sensação de felicidade tantas vezes sentida; com a convicção de que o Corpo de Baile sempre renascerá. Já o chamei de Phoenix e a mesma imagem me veio à cabeça outra vez. Veio-me a firme convicção de que precisava registrar esse momento do jeito que posso e que sei. Aqui está: Cecília Kerche, receba minha homenagem, não apenas por esse momento, mas pela sua trajetória de vida. Aos companheiros de profissão e amor à dança: parabéns e obrigada. Valeu!!!
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Kerche no Theatro Municipal
1980 - “Alexander Godounov”
1982 - “Coppélia”
1983 - Projeto Aquarius – Márcia Haydèe, J. Donn, R Cragun
1982 - “Coppélia”
1983 - Projeto Aquarius – Márcia Haydèe, J. Donn, R Cragun
"Diversons"
“ O Quebra Nozes”
1984 - “Giselle”
“Coppélia”
“Orfeo e Euridice"
1985 – Espetáculo comemorativo do 20º aniversário da Embratel
Ballet Espetacular
“ O Quebra Nozes”
1986 – Ballet – 2º Festival Internacional de Dança- “Don Quixote”
- “ O Quebra Nozes”
1987 – Ópera “Orfeo”
Ballet da Primavera
1988 – 4º Festival Internacional de Dança
Noite de Gala do IX Festival Nacional da Dança do CBDD
“O Lago dos Cisnes”
1989 – “Giselle” – Festival Internacional de Dança
“La Sylphides”
“Corsário”
“Paquita"
“ O Quebra Nozes”
1984 - “Giselle”
“Coppélia”
“Orfeo e Euridice"
1985 – Espetáculo comemorativo do 20º aniversário da Embratel
Ballet Espetacular
“ O Quebra Nozes”
1986 – Ballet – 2º Festival Internacional de Dança- “Don Quixote”
- “ O Quebra Nozes”
1987 – Ópera “Orfeo”
Ballet da Primavera
1988 – 4º Festival Internacional de Dança
Noite de Gala do IX Festival Nacional da Dança do CBDD
“O Lago dos Cisnes”
1989 – “Giselle” – Festival Internacional de Dança
“La Sylphides”
“Corsário”
“Paquita"
"Orfeu e Euridice"
“O Lago dos Cisnes”
“O Quebra Nozes”
1990 - Festival Internacional de Dança
1991 - “O Lago dos Cisnes” – Projeto Ballet para todos
1992 – “Floresta Amazônica”
Projeto Theatro Municipal para todos – Ballet
1º programa
2º programa
3º programa
“O Quebra Nozes”
1995 - Artistas do Theatro Municipal e Convidados
1999 - “Giselle”
Dia de Portas Abertas - Noventa Anos do Theatro Municipal
“Coppélia” “O Quebra Nozes”
2000 - “Dia de Portas Abertas – Noventa e Um Anos do Theatro Municipal “La Esmeralda”
“La Bayadere” - - Nikiya
- Nuestros Valses “Rsa”
2001 - “3 x América”
“O Lago dos Cisnes”
“O Quebra Nozes”
2002 - “ Coppélia”
“O Lago dos Cisnes”
2003 - “Onegin”
2004- “Onegin”
2005 – “A Criação”
2006 – “A Bela Adormecida”
2007 – “O lago dos Cisnes”
“O Quebra Nozes”
2008 - “Giselle”
2011 - "O Quebra Nozes"
2012 - "A Criação"
" O Quebra Nozes"
2013 - Ensaiadora dos bailarinos principais do ballet " O Lago dos Cisnes"
“O Lago dos Cisnes”
“O Quebra Nozes”
1990 - Festival Internacional de Dança
1991 - “O Lago dos Cisnes” – Projeto Ballet para todos
1992 – “Floresta Amazônica”
Projeto Theatro Municipal para todos – Ballet
1º programa
2º programa
3º programa
“O Quebra Nozes”
1995 - Artistas do Theatro Municipal e Convidados
1999 - “Giselle”
Dia de Portas Abertas - Noventa Anos do Theatro Municipal
“Coppélia” “O Quebra Nozes”
2000 - “Dia de Portas Abertas – Noventa e Um Anos do Theatro Municipal “La Esmeralda”
“La Bayadere” - - Nikiya
- Nuestros Valses “Rsa”
2001 - “3 x América”
“O Lago dos Cisnes”
“O Quebra Nozes”
2002 - “ Coppélia”
“O Lago dos Cisnes”
2003 - “Onegin”
2004- “Onegin”
2005 – “A Criação”
2006 – “A Bela Adormecida”
2007 – “O lago dos Cisnes”
“O Quebra Nozes”
2008 - “Giselle”
2011 - "O Quebra Nozes"
2012 - "A Criação"
" O Quebra Nozes"
2013 - Ensaiadora dos bailarinos principais do ballet " O Lago dos Cisnes"
Notícias continuação...
16º Festival de Dança de Joinville - 1998
- Noticiário- Programação- Bares,boates, restaurantes de Joinville- Espetáculo para todos- Entrevista com Pollyana Ribeiro- Entrevista com Vasco Wellenkamps- Um passo de ponta
Veja também:
Especial com a vida e obra do poeta Cruz e Sousa.Cruz e Sousa
Uma conversa com personalidades de destaque em SC.Grandes Entrevistas
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INFO
ÍndiceExpedienteInstitucional
D. QuixoteCecília Kerche e Marcelo MisailidisFoto: Cleber Gomes
CarmenZhandra Rodriguez e Alejandro GómezFoto: Marcelo Caetano
Estrelas de mãos e pés cheios
Suzana BragaCrítica de Dança
Não é uma novidade, mas sempre vale a pena registrar que, ano após ano, vêm melhorando consideravelmente as atrações que ilustram as noites de competições. Se alguns senões ficam por conta dos chamados "gatos por lebre" que são contratados, para a estréia oficial do evento, vendidos a mídia e ao público sem o menor constrangimento de cometer uma propaganda enganosa em torno de companhias, o que muitas vezes deixa críticos e especialistas numa saia justíssima, não pela qualidade, mas pela forma como é apresentado o produto.
Porém, os convidados das noites de competição vêm mantendo um ótimo padrão de qualidade. Os dois primeiros dias de disputas desse ano evidenciaram isso. No primeiro, mais uma vez Cecília Kerche, acompanhada de Marcelo Misailidis. Cecília é a artista que mais freqüenta o Festival de Joinville. Nada de mal nisso. Quem não quer um bis de Cecília Kerche?
Cecília e Marcelo apresentaram o "manjado" pas-de-deux de D. Quixote, que interpretado por essa dupla de bailarinos toma novo corpo, nova alma, nem parece aquela peça cavalo-de-batalha que os estudantes de dança adoram apresentar.
Dançaram bem, com brio, elegância e valentia técnica. Felizmente, sem muitos "olés" ou caras e bocas. Cecília é uma bailarina clean, prefere interpretar menos e dançar mais. Quem tem o físico e as qualidades de Cecília Kerche não precisa apelar e ela sabe disso. Marcelo é um partner exemplar tornando imperceptível uma defasagem física entre os dois pois Cecília é uma bailarina alta e forte para Misailides. Foi nobre a atuação do bailarino. O pas-de-deux foi realizado num eixo impecável. Parecia que Cecília estava dançando sozinha e é isso que distingue um bom partnere um bom entrosamento.
As variações tiveram seus senões, mas coisas irrelevantes diante de uma atuação tão boa. Cecília está absolutamente no "ponto". A bailarina que lutou por mais de um ano para recuperar completamente um problema no joelho volta à plena forma e deu um show de exuberância técnica. A coda, o arremate do balé, foi primorosa. Cecília, aborrecida por um escorregão na variação, entrou "cuspindo fogo" fez o possível e o impossível, esteve endiabrada. De quebra atendeu aos apelos do público e bisou com saúde invejável a coda. Misailidis acompanhou o desafio com elegância.
Na Segunda noite foi a vez da venezuelana Zhandra Rodriguez mostrar que quem foi rei sempre será majestade. Aos confessos 51 anos de idade, Zhandra que desenvolveu uma notória carreira internacional, tendo dançado no American Ballet Theatre, no Balé Nacional de Cuba, e de ter sido a companheira de palco de Mikhail Baryshnikov no auge da fama, mostrou que, em alguns casos só em alguns idade não é documento.
Zhandra é, aliás sempre foi muito especial. Enxuta, bela, cheia de gás Zhandra interpretou uma esplêndida Carmen, muito bem apoiada por Alejandro Gómez no papel de Don José. A coreografia, feita especialmente para a bailarina, é assinada por Hector Montero (do Balé Hispânico de Nova Iorque) com a conhecida música de Bizet. Não é uma peça coreográfica de grande criatividade mas feita, sob medida, para valorizar os pontos fortes de Zhandra como, por exemplo, seu belíssimo trabalho de pernas e pés (nada alterados pela idade), sua sensualidade em dose certa e seu atrevimento quase acrobático. Foi um presente para o público de Joinville assistir a apresentações como a de Cecília e Misailidis e a de Zhandra e Alejandro.
Cecília, sílada a sílaba
Joel GehlenEditor do ANFestival
E no princípio era o vazio enorme e negro do palco, com cada espeço ávido pelo instante de ser preenchido pela substância do seu bailado. Não as mãos, nem as pernas muito menos o corpo inteiro, mas o movimento fátuo em que todas as chamas se acendem para em seguida silenciar.
Ainda sibilam e os olhos sotetram, sílada a sílaba, cada movimento de suas pernas, Cecília. E quando penso que é seu limite, e que além só há o silêncio dos músculos em descanso você inventa uma fração nova para o gesto, um fraseado diferente: o apogeu. Cecília e Marcelo Misailides se enfrentam na arena toureando tudo que não seja perfeição. Esta sim, uma glória brasileira ou, a própria pátria de sapatilhas.
Zhandra Rodrigues nos braços Alejandro Gómez desenhados a régua e compasso, longelíneos e sedutores inventando formas de se estar um no corpo do outro como se um único e seu contrário. Desenha-se quadro a quadro na urgência traquila dos amantes que sabem haver despedida em cada instante.
Ritmo frenético
Vinte três cursos transformam Centreventos em palco de ensino
Fátima ChueccoRepórter do ANFestival
Diferentes idiomas e técnicas se fundem num mesmo objetivo: o aperfeiçoamento e difusão da dança. Por isso, 23 professores de sete países vieram rechear a programação de cursos do 16º Festival de Dança. Diariamente, bailarinos de todo o País sobem e descem freneticamente as escadarias do Centreventos, num balé nascido da mais pura empolgação. Muitos dos cursos foram centralizados no Cau Hansen, onde salas foram adaptadas para o balé clássico, jazz e sapateado. O público aprovou a idéia. "Unir grande parte dos cursos num só local facilitou muito nosso transporte. Com isso também economizamos tempo", diz a paranaense Ana Paula Dias, 25, que pela segunda vez vem a Joinville participar do curso de Roseli Rodrigues. Mas ela acrescenta que os cursistas são, de certa forma, "discriminados". "Nós damos lucro ao festival. Pagamos para ver os espetáculos e pelos cursos. Somos ainda os maiores consumidores da Feira da Sapatilha e da praça de alimentação. No entanto, não temos descontos em nada, nem mesmo nas boates".
A paulista Ivete de Oliveira, 29, que também veio à cidade atraída pelas aulas de jazz, elogiou as instalações do Centreventos, mas reprovou a organização. "Foi divulgado que se poderia fazer inscrição na hora, mas acabou não funcionando desse jeito e perdi o primeiro dia do curso", desabafa. Márcio Monteiro, 22, subiu as serras gaúchas em busca de um aperfeiçoamento no balé clássico. No seu primeiro dia de aulas no Sesc se deparou com uma sala onde faltava linóleo, piano e breu. "Os professores são ótimos. O preço dos cursos é bastante acessível, mas falta acertar detalhes desse tipo", comentou. Na hora do "rango" os dois recém-amigos (eles se conheceram na fila da bilheteria) têm a mesma opinião. "A praça de alimentação está fraca. Não tem nem gatorade", diz Ivete. Márcio salienta que, a praça deveria ter um self-service: "Faço cursos pela manhã e à tarde. Saio do alojamento cedo e só volto de madrugada, depois do festival. Sinto falta de um restaurante que tenha comida caseira dentro do Centreventos".
Sem perda de tempo
Marcelo Brasil, 29, partiu de Pedreira, uma pequena cidade paulista, em busca de cursos com feras internacionais. Se depender do fôlego, o bailarino terá sucesso garantido na carreira, pois, para não perder tempo, se inscreveu em quatro cursos. Durante toda a semana encara as aulas com Alexandre Magno, Rose Calheiros, Roseli Rodrigues e Marcelo Cirino. "E ainda acompanho os espetáculos todas as noites", diz ostentando a boa forma física. Marcelo, mesmo sem subir ao palco, bem que merecia um troféu pelo seu esforço.
Tatiana Hass, 22 e Ana Paula Minari, 21, ambas da Faculdade de Dança da Unicamp, de Campinas, São Paulo, saltaram no Centreventos animadas com o curso de Felipe Sánchez. Não era para menos. O professor espanhol é uma das maiores estrelas da dança flamenca. "É uma oportunidade imperdível, principalmente para quem não pode sair do país para cursos de aperfeiçoamento", assinala Tatiana. As irmãs Camila e Talita Boeing, de 13 e 11 anos, vieram de Florianópolis. Escolheram as aulas de balé clássico da russa Maria Vakhousheva. "O principal é o intercâmbio. As professoras russas são mais rígidas que as brasileiras. Elas nos cobram, por exemplo, maior expressão facial como complementação dos movimentos", diz Camila.
O brasileiro é dorminhoco
O brasileiro é talentoso, mas nem sempre disciplinado. Não respeita horários e dorme demais. Por conta disso, sofe muito quando entra para uma escola no Exterior. O "veredicto" é da bailarina e coreógrafa Rose Calheiros, do Teatro Municipal de Mannheim, na Alemanha e que está ministrando cursos de jazz no Centreventos. Já no primeiro dia de aula, a professora avisou: "Tem que chegar 15 minutos antes, caso contrário, não entra". "Toda a Europa sabe que somos uma fábrica de bailarinos, porém sem disciplina para a dança. Em outro país, o brasileiro fica muito deprimido, engorda e se atrasa. Se o ensaio está marcado para às 9h30, ele chega às 10h05. É uma coisa cultural. Eu mesma, no início, passei por isso. Até hoje uso despertador para levantar com duas horas de antecedência e evitar atrasos", comenta.
Quanto às instalações, a bailarina se diz satisfeita. "Tem que ter muita coragem para criar um evento desse porte. Claro que no primeiro ano de festival numa casa nova, não dá pra dizer que está perfeito, mas essa experiência vai nos servir de espelho. De qualquer forma, do último festival para este, o passo foi enorme. Ser uma convidada é um privilégio impagável".
Sacudindo o esqueleto
Não resta dúvida que o carioca Alexandre Magno, 31, tem muito jogo de cintura. Afinal, tem que dançar e, ao mesmo tempo, supervisionar os movimentos das cerca de 100 alunas do seu curso pela manhã. O coreógrafo que encantou Madonna e também fez trabalhos para Michael Jackson, Cherr, Paula Abdul, Natalie Cole e Gloria Stefan, tenta passar no curso que dá no festival um pouco de sua experiência adquirida no Exterior. "O Brasil está bem situado no balé moderno. Acabo de voltar de um festival na Bahia que provou estarmos em nível de primeiro mundo. Mas o jazz está um pouco atrasado. Falta fundir vários gêneros. Os norte-americanos, por exemplo, utilizam no jazz elementos que vão do clássico ao street dance. O trabalho fica muito mais elaborado", explica.
Com residência fixada em Los Angeles, o coreógrafo diz que é quase um"milagre", em se tratando de Brasil, ter um local como o Centreventos e que sirva tão bem ao mundo da dança, reunindo gente famosa e permitindo o crescimento dessa arte no País. Para os aspirantes a bailarino, que andam meio desanimados com as dificuldades impostas pela carreira, vale lembrar que Alexandre pisou pela primeira vez em Los Angeles com apenas 600 dólares, uma passagem de ida e volta que ganhou num concurso. Não tinha emprego e nem amigos. Mas tinha garra.
Sapateando com Marchina
Surgido no final do século passado, o sapateado ainda é uma modalidade glamouriosa, com sonoridade contagiante e inegavelmente "festiva", assim como o povo brasileiro. "Por isso pegou no Brasil", diz Marchina professora que tem um dos cursos mais concorridos deste festival. "O sapateado está mudando em função das próprias variações musicais. Nosso sapateado é mais rítmico, mais dançado. Minha técnica visa a improvisação de sons e é voltada para a naturalidade dos movimentos". Ela dá aulas há 21 anos e comenta que não existe limite de idade para entrar no sapateado. O único problema é que são poucas as escolas no Brasil. Quanto ao espaço do Centreventos, Marchina aprovou. Apenas observou que a acústica das salas de aula deve ser melhor trabalhada.
Sagração da juventude
Nas noites clássicas, o que mais vêm chamando à atenção do público, dos jurados e dos especialistas em dança é a nova safra que está chegando ao palco. Ela está repleta de mocinhas e rapazes de excelente nível. Em quase todos os números apresentados sempre existe uma bailarininha - às vezes perdida no meio de outras tantas - que fazem arregalar os olhos dos especialistas que já antevêem, para daqui a alguns anos, muitas novas Pollyanas, Danielas, Fernandas Diniz e cia.
Por exemplo, na segunda noite de competições clássicas, o júri deve ter sofrido para decidir, no júnior II quem levaria um primeiro ou um segundo lugar entre as talentosíssimas Aline Campos Ferro Rocha ( Grupo Talhe, do Rio ); Fernanda Gomes Morais (do Dançarte, de Goiás); Andressa Bele Fusco ( Grupo Bele Fusco) ou ainda Maria Clara da Silva (da Escola do CIC, de Florianópolis). Todas poderiam tirar um primeiro lugar e, outros tantos talentos ainda apareceram, dignos de prêmios, no palco do festival.
Na modalidade profissional não houve toda essa exuberância mas também apareceram alguns destaques como, por exemplo, Denise Raquel Siqueira que dançou a variação de "Diana e Actheon", dando o primeiro lugar para a Cia. Raça e Magia (SP) ou Priscila Marcassa, do Grupo Ilusão e Vida (SP), interpretando a mesma variação e ainda Letícia Cavalcanti do Talhe Ballet (RJ), que mostrou um bom estilo e uma técnica segura na difícil variação do "Cisne Negro".
De mau gosto apenas as opções de repertório. Convenhamos que uma concorrente, normalmente uma aluna ou bailarina em início de carreira dançar "Giselle", segundo ato é dose. Giselle é um balé para o ápice de uma carreira profissional, de estilo difícil e que deve ser visto no geral. Outras discrepâncias de repertório também foram observadas, mas afinal ninguém nasce sabendo e é possível corrigir, basta querer.
Dentre os rapazes, Thiago Soares da Cia. De Dança Rio (RJ) deu um show no palco interpretando a variação masculina do balé "Diana e Actheon". O jovem, de 17 anos, promete um futuro brilhante na dança.
Os duos clássicos apresentados na noite não foram de grande expressividade. Mesmo assim destaque para a apresentação do Grupo Talhe, que levou mais um justo primeiro lugar.
Nas apresentações clássicas de conjunto, brilhou o Studio D1, voltando a apresentar-se em Joinville. O grupo curitibano, dirigido por Dora de Paula Soares, apresentou uma bem entrosada e bem elaborada "Tarantella", assinada por Ismael Guiser. As meninas do D1 "tiniram" no palco dando conta, com brios, das dificuldades técnicas da coreografia. Receberam o 2º lugar, poderiam ter levado o primeiro que ficou vago.
Boa a apresentação da Escola de Danças do Teatro Guaíra, com a peça "Reflexos", terceiro lugar no amador II. Ainda no clássico conjunto, nada muito especial apareceu. Venceu o melhor, o Balé Paula Castro, de São Paulo. A confusa coreografia da "Valsa das Flores", numa inusitada versão de Alicia Alonso, segundo o programa foi disfarçada por muitos talentos que se sobressaíram do conjunto.
No geral, uma noite equilibrada. (Suzana Braga)
Foto: Divulgação Croma Imagem
Tango nas pontas
Joel GehlenEditor do ANFestival
Lina Lapertosa e Lair Assis, dois bailarinos de uma das mais importantes companhias nacionais, a Cia Mineira de Dança, de Belo Horizonte, sobem ao palco do Cau Hansen nesta quarta-feira para abrir a última noite de competições clássicas e dar início à apresentações de danças populares. No programa, a peça "Tango Concierto", um tango popular de Astor Piazzolla, coreografado por Oscar Araiz e dançado nas pontas. Nada mais adequado para uma noite de dupla face.
Lina é bailarina de formação clássica e desde 1980 integra o elenco da companhia oficial mineira, que até 1990 chamava-se Balé Palácio das Artes. Em 1983, passou a primeira bailarina. A partir de então participou de todas as montagens da Cia em coreografias contemporâneas, modernas e clássicas, dançando os melhores coreógrafos da atualidade como Rodrigo Pederneiras, Tíndaro Silvano e os argentinos que atuam no Brasil, Luis Arrieta, Oscar Araiz e Julio Lopes. Lina tem em seu currículo residência de estudo no conceituado conservatório Julliard School, de Nova Iorque, aulas no Bolshoi, em Moscou, e apresentações ao lado do bailarino cubano Fernando Bujones.
Moderno e contemporâneo
O partner de Lina, Lair Assis, também bailarino mineiro integrante da Cia. de Belo Horizonte há dez anos, tem formação clássica, mas construiu toda sua carreira com peças modernas e contemporâneas. Das suas apresentações internacionais destaca a participação, com o mesmo "Tango Concierto", em 1994 no concurso Vignale Danças, na Itália. "Tango Concierto" foi criada originalmente para Júlio Bocca, bailarino argentino.
A versão que será apresentada no festival foi remontada em 1988 em Belo Horizonte por Araiz. Segundo Lina, trata-se de "uma peça que agrada muito, pois começa estilizada, depois passa para um tango realmente mais popular". Lair descreve a coreografia como "um tango com técnica clássica, que transpira amor, ódio e reconciliação". A peça usa muito os passos do tango mas é dançada nas pontas, tendo como figurino uma camisola para a bailarina e roupas comuns para o rapaz; o cenário - como seria de se esperar de um tango - é composto apenas de uma cadeira. O público pode esperar desta peça a sensualidade típica do tango, começa como se fosse uma briga, uma luta dentro de um quarto. Esta remontagem foi feita em 88 e desde então Lina e Lair vêm dançando-a juntos.
16º Festival de Dança de Jonville
Noticiário
Programação
Bares,boates, restaurantes de Joinville
Espetáculo para todos
Entrevista com Vasco Wellenkamps
Um passo de ponta
Entrevista com Pollyana Ribeiro
Manchetes AN
Das últimas edições de AN Festival
Cinco ases de ouro
A cigana e o soldado
Uma peça para virtuoses
Berço da dança
Joinville se abre para a dança
Competições
Última noite de clássico divide palco com danças populares
Esta quarta-feira é o último dia das competições de clássico. A noite ainda será divida com as danças populares. Serão 15 coreografias no clássico, entre amador e profissional. Apesar da presença de grupos que "alugam" o palco do festival nos últimos anos, como o Ilara Lopes, que participa e ganha prêmios em Joinville desde o início do festival nos anos 80; o Centro Mineiro de Danças Clássicas, que, a rigor, dispensa apresentações; o Pavilhão D; o Especial, novas escolas entram na disputa pelo pódio.
Único grupo catarinense a dançar nesta noite, o Gayia, de Florianópolis, apresenta a coreografia "Entusiasmo", de Bárbara Rey, sob o tema musical "Entardecer", de Renato Borghetti. A peça, que tem 9 bailarinos em cena, se inspira no entusiasmo como emoção capaz de gerar atitudes, opiniões, raciocínios, enfim, produzir um modus vivendi calcado na subjetividade, mas que tem implicações no cotidiano do ser humano concreto, objetivo, que vive em sociedade.
A Academia de Balé Lina Penteado também é outro grupo que vem despontando nos últimos anos no Festival de Joinville. Neste ano, os oito bailarinos de Campinas, cidade do interior de São Paulo, interpretam a coreografia "Joker", de Luciana Checchia, que tem como inspiração o coringa do baralho, em que os integrantes dançam como se tudo - até a vida? - não passasse de um grande exercício lúdico.
Baseado no romantismo italiano, o Grupo Uirapuru (de Ilara Lopes), defende a coreografia "Soirée", de Jorge Peña. O tema musical é "Coletânea de Britten", de Rossini. Outro grupo que se inspira em um romantismo todo particular é o Camila Ballet, de São Paulo. Trata-se de uma paixão avassaladora de um pintor, mestre do impressionismo, Degas, pelo balé. As bailarinas foram a fonte-mor do pintor francês, que as retratou, esculpiu, acariciou com o olhar lânguido e preciso, como ninguém nas artes plásticas.
Mais um neófito pisa no palco "zero-quilômetro" do Centreventos Cau Hansen. Trata-se do Ballet Miti Warangae, de São Bernardo do Campo, que aposta em "Grand Adágio" para surpreender os favoritos da noite. Segundo o material de divulgação da escola, a peça tem linhas e formas bem acadêmicas, "definindo a linguagem clássica de acordo com o nível técnico dos bailarinos".
O Grupo Passo a Passo, de São Paulo, filho do profissional Cisne Negro, um dos convidados especiais do ano passado, apresenta a coreografia "Flocos de Neves", uma adaptação de Gláucia Coelho do 1º ato do balé "Quebra Nozes" para o tema musical "Waltz of the Snow Flakes", de Tchaikovsky. Pelo retrospecto do grupo paulista que tem na direção a competente Hulda Bittencourt, tem grandes chances de subir ao pódio nesta noite.
Populares
Nas disputas de danças populares, uma surpresa: o Dança de Rua do Brasil, grupo que costuma levantar o público em suas apresentações de street dance no festival, companhia que, inclusive, detém dois Troféus Transitórios do festival. O grupo Santista apresenta "Samba de Rua", uma coreografia que aposta na malemolência e na cadência da batida da bateria e seus surdos, tamborins e agogôs e pelo apito do mestre. A coreografia pode ser traduzida em duas palavras: samba no pé. Ou, como preferem os seus integrantes, samba de rua.
Outro na disputa é o Cia de Dança de Salão Edson Nunes, que aposta em "Heróis de Ontem", uma criação coletiva do grupo. Os bailarinos caem na festa do rock'n'roll. Energia e suingue não devem faltar. Já o Klânemos Cia de Dança, de Hortência Móllo, diretora e coreógrafa do grupo carioca, sobe ao palco com "Suíte Russa". O enredo é sobre "jovens e enamorados casais russos, misturando lirismo, leveza, com o embalo do som do rico folclórico russo. Para fechar a noite, sobe ao palco o Grupo Expressão com a coreografia "Inconstâncias", de Renata Monnier, se inspira em dicotomias: forte e fraco, suave e forte, homem e mulher...
Bailarinos lançam moda em Joinville
Andressa ShellerEspecial para o ANFestival
Touquinhas, muitas touquinhas com trancinhas amarradas por elásticos coloridos. Cabelos de várias cores que vão do laranja até o mesclado loiro com preto. Brincos muitos brincos na orelha e piercings em outras partes do corpo. Redes de várias cores e tamanhos nos cabelos. Estas são algumas das modas lançadas pelos bailarinos participantes da 16º edição do Festival de Dança de Joinville.
Passeando pelos shoppings da cidade é possível avistar facilmente meninas usando duas trancinhas no cabelo ou usando toucas ou até as duas coisas, como foi o caso da curitibana Fernanda Mara Vernine. Ela conta que em Curitiba é moda usar touca devido ao frio e que resolveu trazer esta moda para joinville durante o festival para se diferenciar das outras bailarinas, mas pelo visto não deu muito certo. "Todas as bailarinas estão usando touca, é realmente algo incrível, resolvi então junto com a touca usar duas tranças no cabelo", explica.
"Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada. Cabelo pode ser cortado, pode ser seco ou molhado", diz a música. Mas os cabelos querem ser coloridos nas cabeças dos garotos que dançam street neste festival.
Adir Oliveira, 21 anos integra o grupo de street de Santos (SP) e possui o cabelo pintado na cor laranja avermelhado. Ele afirma que cada integrante do grupo possui o cabelo de uma cor diferente. "Um possui cabelo amarelo,outro verde e outro roxo. Fazemos isto porque achamos legal, combina com as coreografias e assim nós também nos diferenciamos dos outros dançarinos", diz.
Outro dançarino de street que tingiu os cabelos foi o carioca Wagner Luiz. Ele participa do grupo de street Aprint de Navegantes (SC) e pintou os cabelos de duas cores; preto e amarelo. "Achei o máximo o meu cabelo. Adorei. Assim desse jeito me destaco e me diferencio das outras pessoas e dos bailarinos de street de outros grupos", de lara vaidoso. O bailarino Rafael Dias Tavares de apenas 12 anos de idade circula pela praça de alimentação do Centreventos com dois brincos argola.
Um raro incentivo à dança
O bailarino, coreógrafo e produtor Márcio Costa, 31, veio de Roraima com a Cia de Dança Master Class, acompanhar o festival, de ponta a ponta. O grupo viajou confortavelmente num avião particular, emprestado pelo governador do Estado, Neudo Campos. E não teve que se espremer em alojamentos. Estão todos em hotel. O bailarino deixou Brasília, sua terra natal, em busca de caminhos que o fixassem na dança. Em Roraima encontrou campo para um Movimento pela Cultura e Esporte (já que é também professor de Educação Física). Desde então, vem obtendo sucesso em seus projetos. "Tivemos sorte em conseguir incentivo do Estado. Isso é raro. Mas já é a quarta vez que a gente viaja com esse tipo de apoio", diz o bailarino que, este ano, só deverá se apresentar em palcos ao ar livre. "Nossa inscrição não chegou a tempo", explica.
Para o grupo, cada dia do festival é muito produtivo para a carreira. Além dos cursos, eles dizem absorver muito conhecimento nesse contato direto com outras companhias. "Assistir ao festival já é uma grande escola. A grande vantagem é a diversidade de coreografias, a quantidade de movimentos e técnicas. É fundamental participar, observar cenários e figurinos. Aproveito tudo", comenta Costa. (FC)
História dofestival contada em livro
Muitos convidados e participantes do 16º Festival de Dança de Joinville se reconhecerão nas 330 páginas do livro "Festival de Joinville 15 Anos de Dança", cujo lançamento será nesta quarta-feira, às 15 horas, na Praça de Convivência do Centreventos Cau Hansen.
Escrito pela crítica de dança Suzana Braga e os jornalistas Joel Gehlen e Paulo César Ruiz, o volume conta a história do festival, seus personagens, bastidores, sua evolução como evento cultural e seu papel no desenvolvimento da dança brasileira.
Cerca de 200 fotos, que compõem a memória do festival, ilustram a luxuosa publicação. "O texto tem a agilidade de uma grande reportagem", diz Suzana, que acompanha o festival desde a sua quarta edição.
Durante o festival, o livro estará a venda com preço promocional, de R$ 60,00. Depois, cumprirá uma agenda de lançamentos em todo o Brasil e estará disponível em livrarias por R$ 100,00. Em Joinville, será possível encontrar o volume na Livraria Midas.
Resultado de cuidadosa pesquisa, "Festival de Joinville 15 Anos de Dança" conta com patrocínio do Ministério da Cultura, Prefeitura e Fundação Cultural de Joinville e Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), além do apoio do jornal "A Notícia".
Tempo (29/01/2005)
Fonte: Climerh
Céu encoberto com períodos de chuva.
Máx: 29 °C
Min: 12 °C
- Noticiário- Programação- Bares,boates, restaurantes de Joinville- Espetáculo para todos- Entrevista com Pollyana Ribeiro- Entrevista com Vasco Wellenkamps- Um passo de ponta
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ÍndiceExpedienteInstitucional
D. QuixoteCecília Kerche e Marcelo MisailidisFoto: Cleber Gomes
CarmenZhandra Rodriguez e Alejandro GómezFoto: Marcelo Caetano
Estrelas de mãos e pés cheios
Suzana BragaCrítica de Dança
Não é uma novidade, mas sempre vale a pena registrar que, ano após ano, vêm melhorando consideravelmente as atrações que ilustram as noites de competições. Se alguns senões ficam por conta dos chamados "gatos por lebre" que são contratados, para a estréia oficial do evento, vendidos a mídia e ao público sem o menor constrangimento de cometer uma propaganda enganosa em torno de companhias, o que muitas vezes deixa críticos e especialistas numa saia justíssima, não pela qualidade, mas pela forma como é apresentado o produto.
Porém, os convidados das noites de competição vêm mantendo um ótimo padrão de qualidade. Os dois primeiros dias de disputas desse ano evidenciaram isso. No primeiro, mais uma vez Cecília Kerche, acompanhada de Marcelo Misailidis. Cecília é a artista que mais freqüenta o Festival de Joinville. Nada de mal nisso. Quem não quer um bis de Cecília Kerche?
Cecília e Marcelo apresentaram o "manjado" pas-de-deux de D. Quixote, que interpretado por essa dupla de bailarinos toma novo corpo, nova alma, nem parece aquela peça cavalo-de-batalha que os estudantes de dança adoram apresentar.
Dançaram bem, com brio, elegância e valentia técnica. Felizmente, sem muitos "olés" ou caras e bocas. Cecília é uma bailarina clean, prefere interpretar menos e dançar mais. Quem tem o físico e as qualidades de Cecília Kerche não precisa apelar e ela sabe disso. Marcelo é um partner exemplar tornando imperceptível uma defasagem física entre os dois pois Cecília é uma bailarina alta e forte para Misailides. Foi nobre a atuação do bailarino. O pas-de-deux foi realizado num eixo impecável. Parecia que Cecília estava dançando sozinha e é isso que distingue um bom partnere um bom entrosamento.
As variações tiveram seus senões, mas coisas irrelevantes diante de uma atuação tão boa. Cecília está absolutamente no "ponto". A bailarina que lutou por mais de um ano para recuperar completamente um problema no joelho volta à plena forma e deu um show de exuberância técnica. A coda, o arremate do balé, foi primorosa. Cecília, aborrecida por um escorregão na variação, entrou "cuspindo fogo" fez o possível e o impossível, esteve endiabrada. De quebra atendeu aos apelos do público e bisou com saúde invejável a coda. Misailidis acompanhou o desafio com elegância.
Na Segunda noite foi a vez da venezuelana Zhandra Rodriguez mostrar que quem foi rei sempre será majestade. Aos confessos 51 anos de idade, Zhandra que desenvolveu uma notória carreira internacional, tendo dançado no American Ballet Theatre, no Balé Nacional de Cuba, e de ter sido a companheira de palco de Mikhail Baryshnikov no auge da fama, mostrou que, em alguns casos só em alguns idade não é documento.
Zhandra é, aliás sempre foi muito especial. Enxuta, bela, cheia de gás Zhandra interpretou uma esplêndida Carmen, muito bem apoiada por Alejandro Gómez no papel de Don José. A coreografia, feita especialmente para a bailarina, é assinada por Hector Montero (do Balé Hispânico de Nova Iorque) com a conhecida música de Bizet. Não é uma peça coreográfica de grande criatividade mas feita, sob medida, para valorizar os pontos fortes de Zhandra como, por exemplo, seu belíssimo trabalho de pernas e pés (nada alterados pela idade), sua sensualidade em dose certa e seu atrevimento quase acrobático. Foi um presente para o público de Joinville assistir a apresentações como a de Cecília e Misailidis e a de Zhandra e Alejandro.
Cecília, sílada a sílaba
Joel GehlenEditor do ANFestival
E no princípio era o vazio enorme e negro do palco, com cada espeço ávido pelo instante de ser preenchido pela substância do seu bailado. Não as mãos, nem as pernas muito menos o corpo inteiro, mas o movimento fátuo em que todas as chamas se acendem para em seguida silenciar.
Ainda sibilam e os olhos sotetram, sílada a sílaba, cada movimento de suas pernas, Cecília. E quando penso que é seu limite, e que além só há o silêncio dos músculos em descanso você inventa uma fração nova para o gesto, um fraseado diferente: o apogeu. Cecília e Marcelo Misailides se enfrentam na arena toureando tudo que não seja perfeição. Esta sim, uma glória brasileira ou, a própria pátria de sapatilhas.
Zhandra Rodrigues nos braços Alejandro Gómez desenhados a régua e compasso, longelíneos e sedutores inventando formas de se estar um no corpo do outro como se um único e seu contrário. Desenha-se quadro a quadro na urgência traquila dos amantes que sabem haver despedida em cada instante.
Ritmo frenético
Vinte três cursos transformam Centreventos em palco de ensino
Fátima ChueccoRepórter do ANFestival
Diferentes idiomas e técnicas se fundem num mesmo objetivo: o aperfeiçoamento e difusão da dança. Por isso, 23 professores de sete países vieram rechear a programação de cursos do 16º Festival de Dança. Diariamente, bailarinos de todo o País sobem e descem freneticamente as escadarias do Centreventos, num balé nascido da mais pura empolgação. Muitos dos cursos foram centralizados no Cau Hansen, onde salas foram adaptadas para o balé clássico, jazz e sapateado. O público aprovou a idéia. "Unir grande parte dos cursos num só local facilitou muito nosso transporte. Com isso também economizamos tempo", diz a paranaense Ana Paula Dias, 25, que pela segunda vez vem a Joinville participar do curso de Roseli Rodrigues. Mas ela acrescenta que os cursistas são, de certa forma, "discriminados". "Nós damos lucro ao festival. Pagamos para ver os espetáculos e pelos cursos. Somos ainda os maiores consumidores da Feira da Sapatilha e da praça de alimentação. No entanto, não temos descontos em nada, nem mesmo nas boates".
A paulista Ivete de Oliveira, 29, que também veio à cidade atraída pelas aulas de jazz, elogiou as instalações do Centreventos, mas reprovou a organização. "Foi divulgado que se poderia fazer inscrição na hora, mas acabou não funcionando desse jeito e perdi o primeiro dia do curso", desabafa. Márcio Monteiro, 22, subiu as serras gaúchas em busca de um aperfeiçoamento no balé clássico. No seu primeiro dia de aulas no Sesc se deparou com uma sala onde faltava linóleo, piano e breu. "Os professores são ótimos. O preço dos cursos é bastante acessível, mas falta acertar detalhes desse tipo", comentou. Na hora do "rango" os dois recém-amigos (eles se conheceram na fila da bilheteria) têm a mesma opinião. "A praça de alimentação está fraca. Não tem nem gatorade", diz Ivete. Márcio salienta que, a praça deveria ter um self-service: "Faço cursos pela manhã e à tarde. Saio do alojamento cedo e só volto de madrugada, depois do festival. Sinto falta de um restaurante que tenha comida caseira dentro do Centreventos".
Sem perda de tempo
Marcelo Brasil, 29, partiu de Pedreira, uma pequena cidade paulista, em busca de cursos com feras internacionais. Se depender do fôlego, o bailarino terá sucesso garantido na carreira, pois, para não perder tempo, se inscreveu em quatro cursos. Durante toda a semana encara as aulas com Alexandre Magno, Rose Calheiros, Roseli Rodrigues e Marcelo Cirino. "E ainda acompanho os espetáculos todas as noites", diz ostentando a boa forma física. Marcelo, mesmo sem subir ao palco, bem que merecia um troféu pelo seu esforço.
Tatiana Hass, 22 e Ana Paula Minari, 21, ambas da Faculdade de Dança da Unicamp, de Campinas, São Paulo, saltaram no Centreventos animadas com o curso de Felipe Sánchez. Não era para menos. O professor espanhol é uma das maiores estrelas da dança flamenca. "É uma oportunidade imperdível, principalmente para quem não pode sair do país para cursos de aperfeiçoamento", assinala Tatiana. As irmãs Camila e Talita Boeing, de 13 e 11 anos, vieram de Florianópolis. Escolheram as aulas de balé clássico da russa Maria Vakhousheva. "O principal é o intercâmbio. As professoras russas são mais rígidas que as brasileiras. Elas nos cobram, por exemplo, maior expressão facial como complementação dos movimentos", diz Camila.
O brasileiro é dorminhoco
O brasileiro é talentoso, mas nem sempre disciplinado. Não respeita horários e dorme demais. Por conta disso, sofe muito quando entra para uma escola no Exterior. O "veredicto" é da bailarina e coreógrafa Rose Calheiros, do Teatro Municipal de Mannheim, na Alemanha e que está ministrando cursos de jazz no Centreventos. Já no primeiro dia de aula, a professora avisou: "Tem que chegar 15 minutos antes, caso contrário, não entra". "Toda a Europa sabe que somos uma fábrica de bailarinos, porém sem disciplina para a dança. Em outro país, o brasileiro fica muito deprimido, engorda e se atrasa. Se o ensaio está marcado para às 9h30, ele chega às 10h05. É uma coisa cultural. Eu mesma, no início, passei por isso. Até hoje uso despertador para levantar com duas horas de antecedência e evitar atrasos", comenta.
Quanto às instalações, a bailarina se diz satisfeita. "Tem que ter muita coragem para criar um evento desse porte. Claro que no primeiro ano de festival numa casa nova, não dá pra dizer que está perfeito, mas essa experiência vai nos servir de espelho. De qualquer forma, do último festival para este, o passo foi enorme. Ser uma convidada é um privilégio impagável".
Sacudindo o esqueleto
Não resta dúvida que o carioca Alexandre Magno, 31, tem muito jogo de cintura. Afinal, tem que dançar e, ao mesmo tempo, supervisionar os movimentos das cerca de 100 alunas do seu curso pela manhã. O coreógrafo que encantou Madonna e também fez trabalhos para Michael Jackson, Cherr, Paula Abdul, Natalie Cole e Gloria Stefan, tenta passar no curso que dá no festival um pouco de sua experiência adquirida no Exterior. "O Brasil está bem situado no balé moderno. Acabo de voltar de um festival na Bahia que provou estarmos em nível de primeiro mundo. Mas o jazz está um pouco atrasado. Falta fundir vários gêneros. Os norte-americanos, por exemplo, utilizam no jazz elementos que vão do clássico ao street dance. O trabalho fica muito mais elaborado", explica.
Com residência fixada em Los Angeles, o coreógrafo diz que é quase um"milagre", em se tratando de Brasil, ter um local como o Centreventos e que sirva tão bem ao mundo da dança, reunindo gente famosa e permitindo o crescimento dessa arte no País. Para os aspirantes a bailarino, que andam meio desanimados com as dificuldades impostas pela carreira, vale lembrar que Alexandre pisou pela primeira vez em Los Angeles com apenas 600 dólares, uma passagem de ida e volta que ganhou num concurso. Não tinha emprego e nem amigos. Mas tinha garra.
Sapateando com Marchina
Surgido no final do século passado, o sapateado ainda é uma modalidade glamouriosa, com sonoridade contagiante e inegavelmente "festiva", assim como o povo brasileiro. "Por isso pegou no Brasil", diz Marchina professora que tem um dos cursos mais concorridos deste festival. "O sapateado está mudando em função das próprias variações musicais. Nosso sapateado é mais rítmico, mais dançado. Minha técnica visa a improvisação de sons e é voltada para a naturalidade dos movimentos". Ela dá aulas há 21 anos e comenta que não existe limite de idade para entrar no sapateado. O único problema é que são poucas as escolas no Brasil. Quanto ao espaço do Centreventos, Marchina aprovou. Apenas observou que a acústica das salas de aula deve ser melhor trabalhada.
Sagração da juventude
Nas noites clássicas, o que mais vêm chamando à atenção do público, dos jurados e dos especialistas em dança é a nova safra que está chegando ao palco. Ela está repleta de mocinhas e rapazes de excelente nível. Em quase todos os números apresentados sempre existe uma bailarininha - às vezes perdida no meio de outras tantas - que fazem arregalar os olhos dos especialistas que já antevêem, para daqui a alguns anos, muitas novas Pollyanas, Danielas, Fernandas Diniz e cia.
Por exemplo, na segunda noite de competições clássicas, o júri deve ter sofrido para decidir, no júnior II quem levaria um primeiro ou um segundo lugar entre as talentosíssimas Aline Campos Ferro Rocha ( Grupo Talhe, do Rio ); Fernanda Gomes Morais (do Dançarte, de Goiás); Andressa Bele Fusco ( Grupo Bele Fusco) ou ainda Maria Clara da Silva (da Escola do CIC, de Florianópolis). Todas poderiam tirar um primeiro lugar e, outros tantos talentos ainda apareceram, dignos de prêmios, no palco do festival.
Na modalidade profissional não houve toda essa exuberância mas também apareceram alguns destaques como, por exemplo, Denise Raquel Siqueira que dançou a variação de "Diana e Actheon", dando o primeiro lugar para a Cia. Raça e Magia (SP) ou Priscila Marcassa, do Grupo Ilusão e Vida (SP), interpretando a mesma variação e ainda Letícia Cavalcanti do Talhe Ballet (RJ), que mostrou um bom estilo e uma técnica segura na difícil variação do "Cisne Negro".
De mau gosto apenas as opções de repertório. Convenhamos que uma concorrente, normalmente uma aluna ou bailarina em início de carreira dançar "Giselle", segundo ato é dose. Giselle é um balé para o ápice de uma carreira profissional, de estilo difícil e que deve ser visto no geral. Outras discrepâncias de repertório também foram observadas, mas afinal ninguém nasce sabendo e é possível corrigir, basta querer.
Dentre os rapazes, Thiago Soares da Cia. De Dança Rio (RJ) deu um show no palco interpretando a variação masculina do balé "Diana e Actheon". O jovem, de 17 anos, promete um futuro brilhante na dança.
Os duos clássicos apresentados na noite não foram de grande expressividade. Mesmo assim destaque para a apresentação do Grupo Talhe, que levou mais um justo primeiro lugar.
Nas apresentações clássicas de conjunto, brilhou o Studio D1, voltando a apresentar-se em Joinville. O grupo curitibano, dirigido por Dora de Paula Soares, apresentou uma bem entrosada e bem elaborada "Tarantella", assinada por Ismael Guiser. As meninas do D1 "tiniram" no palco dando conta, com brios, das dificuldades técnicas da coreografia. Receberam o 2º lugar, poderiam ter levado o primeiro que ficou vago.
Boa a apresentação da Escola de Danças do Teatro Guaíra, com a peça "Reflexos", terceiro lugar no amador II. Ainda no clássico conjunto, nada muito especial apareceu. Venceu o melhor, o Balé Paula Castro, de São Paulo. A confusa coreografia da "Valsa das Flores", numa inusitada versão de Alicia Alonso, segundo o programa foi disfarçada por muitos talentos que se sobressaíram do conjunto.
No geral, uma noite equilibrada. (Suzana Braga)
Foto: Divulgação Croma Imagem
Tango nas pontas
Joel GehlenEditor do ANFestival
Lina Lapertosa e Lair Assis, dois bailarinos de uma das mais importantes companhias nacionais, a Cia Mineira de Dança, de Belo Horizonte, sobem ao palco do Cau Hansen nesta quarta-feira para abrir a última noite de competições clássicas e dar início à apresentações de danças populares. No programa, a peça "Tango Concierto", um tango popular de Astor Piazzolla, coreografado por Oscar Araiz e dançado nas pontas. Nada mais adequado para uma noite de dupla face.
Lina é bailarina de formação clássica e desde 1980 integra o elenco da companhia oficial mineira, que até 1990 chamava-se Balé Palácio das Artes. Em 1983, passou a primeira bailarina. A partir de então participou de todas as montagens da Cia em coreografias contemporâneas, modernas e clássicas, dançando os melhores coreógrafos da atualidade como Rodrigo Pederneiras, Tíndaro Silvano e os argentinos que atuam no Brasil, Luis Arrieta, Oscar Araiz e Julio Lopes. Lina tem em seu currículo residência de estudo no conceituado conservatório Julliard School, de Nova Iorque, aulas no Bolshoi, em Moscou, e apresentações ao lado do bailarino cubano Fernando Bujones.
Moderno e contemporâneo
O partner de Lina, Lair Assis, também bailarino mineiro integrante da Cia. de Belo Horizonte há dez anos, tem formação clássica, mas construiu toda sua carreira com peças modernas e contemporâneas. Das suas apresentações internacionais destaca a participação, com o mesmo "Tango Concierto", em 1994 no concurso Vignale Danças, na Itália. "Tango Concierto" foi criada originalmente para Júlio Bocca, bailarino argentino.
A versão que será apresentada no festival foi remontada em 1988 em Belo Horizonte por Araiz. Segundo Lina, trata-se de "uma peça que agrada muito, pois começa estilizada, depois passa para um tango realmente mais popular". Lair descreve a coreografia como "um tango com técnica clássica, que transpira amor, ódio e reconciliação". A peça usa muito os passos do tango mas é dançada nas pontas, tendo como figurino uma camisola para a bailarina e roupas comuns para o rapaz; o cenário - como seria de se esperar de um tango - é composto apenas de uma cadeira. O público pode esperar desta peça a sensualidade típica do tango, começa como se fosse uma briga, uma luta dentro de um quarto. Esta remontagem foi feita em 88 e desde então Lina e Lair vêm dançando-a juntos.
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Última noite de clássico divide palco com danças populares
Esta quarta-feira é o último dia das competições de clássico. A noite ainda será divida com as danças populares. Serão 15 coreografias no clássico, entre amador e profissional. Apesar da presença de grupos que "alugam" o palco do festival nos últimos anos, como o Ilara Lopes, que participa e ganha prêmios em Joinville desde o início do festival nos anos 80; o Centro Mineiro de Danças Clássicas, que, a rigor, dispensa apresentações; o Pavilhão D; o Especial, novas escolas entram na disputa pelo pódio.
Único grupo catarinense a dançar nesta noite, o Gayia, de Florianópolis, apresenta a coreografia "Entusiasmo", de Bárbara Rey, sob o tema musical "Entardecer", de Renato Borghetti. A peça, que tem 9 bailarinos em cena, se inspira no entusiasmo como emoção capaz de gerar atitudes, opiniões, raciocínios, enfim, produzir um modus vivendi calcado na subjetividade, mas que tem implicações no cotidiano do ser humano concreto, objetivo, que vive em sociedade.
A Academia de Balé Lina Penteado também é outro grupo que vem despontando nos últimos anos no Festival de Joinville. Neste ano, os oito bailarinos de Campinas, cidade do interior de São Paulo, interpretam a coreografia "Joker", de Luciana Checchia, que tem como inspiração o coringa do baralho, em que os integrantes dançam como se tudo - até a vida? - não passasse de um grande exercício lúdico.
Baseado no romantismo italiano, o Grupo Uirapuru (de Ilara Lopes), defende a coreografia "Soirée", de Jorge Peña. O tema musical é "Coletânea de Britten", de Rossini. Outro grupo que se inspira em um romantismo todo particular é o Camila Ballet, de São Paulo. Trata-se de uma paixão avassaladora de um pintor, mestre do impressionismo, Degas, pelo balé. As bailarinas foram a fonte-mor do pintor francês, que as retratou, esculpiu, acariciou com o olhar lânguido e preciso, como ninguém nas artes plásticas.
Mais um neófito pisa no palco "zero-quilômetro" do Centreventos Cau Hansen. Trata-se do Ballet Miti Warangae, de São Bernardo do Campo, que aposta em "Grand Adágio" para surpreender os favoritos da noite. Segundo o material de divulgação da escola, a peça tem linhas e formas bem acadêmicas, "definindo a linguagem clássica de acordo com o nível técnico dos bailarinos".
O Grupo Passo a Passo, de São Paulo, filho do profissional Cisne Negro, um dos convidados especiais do ano passado, apresenta a coreografia "Flocos de Neves", uma adaptação de Gláucia Coelho do 1º ato do balé "Quebra Nozes" para o tema musical "Waltz of the Snow Flakes", de Tchaikovsky. Pelo retrospecto do grupo paulista que tem na direção a competente Hulda Bittencourt, tem grandes chances de subir ao pódio nesta noite.
Populares
Nas disputas de danças populares, uma surpresa: o Dança de Rua do Brasil, grupo que costuma levantar o público em suas apresentações de street dance no festival, companhia que, inclusive, detém dois Troféus Transitórios do festival. O grupo Santista apresenta "Samba de Rua", uma coreografia que aposta na malemolência e na cadência da batida da bateria e seus surdos, tamborins e agogôs e pelo apito do mestre. A coreografia pode ser traduzida em duas palavras: samba no pé. Ou, como preferem os seus integrantes, samba de rua.
Outro na disputa é o Cia de Dança de Salão Edson Nunes, que aposta em "Heróis de Ontem", uma criação coletiva do grupo. Os bailarinos caem na festa do rock'n'roll. Energia e suingue não devem faltar. Já o Klânemos Cia de Dança, de Hortência Móllo, diretora e coreógrafa do grupo carioca, sobe ao palco com "Suíte Russa". O enredo é sobre "jovens e enamorados casais russos, misturando lirismo, leveza, com o embalo do som do rico folclórico russo. Para fechar a noite, sobe ao palco o Grupo Expressão com a coreografia "Inconstâncias", de Renata Monnier, se inspira em dicotomias: forte e fraco, suave e forte, homem e mulher...
Bailarinos lançam moda em Joinville
Andressa ShellerEspecial para o ANFestival
Touquinhas, muitas touquinhas com trancinhas amarradas por elásticos coloridos. Cabelos de várias cores que vão do laranja até o mesclado loiro com preto. Brincos muitos brincos na orelha e piercings em outras partes do corpo. Redes de várias cores e tamanhos nos cabelos. Estas são algumas das modas lançadas pelos bailarinos participantes da 16º edição do Festival de Dança de Joinville.
Passeando pelos shoppings da cidade é possível avistar facilmente meninas usando duas trancinhas no cabelo ou usando toucas ou até as duas coisas, como foi o caso da curitibana Fernanda Mara Vernine. Ela conta que em Curitiba é moda usar touca devido ao frio e que resolveu trazer esta moda para joinville durante o festival para se diferenciar das outras bailarinas, mas pelo visto não deu muito certo. "Todas as bailarinas estão usando touca, é realmente algo incrível, resolvi então junto com a touca usar duas tranças no cabelo", explica.
"Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada. Cabelo pode ser cortado, pode ser seco ou molhado", diz a música. Mas os cabelos querem ser coloridos nas cabeças dos garotos que dançam street neste festival.
Adir Oliveira, 21 anos integra o grupo de street de Santos (SP) e possui o cabelo pintado na cor laranja avermelhado. Ele afirma que cada integrante do grupo possui o cabelo de uma cor diferente. "Um possui cabelo amarelo,outro verde e outro roxo. Fazemos isto porque achamos legal, combina com as coreografias e assim nós também nos diferenciamos dos outros dançarinos", diz.
Outro dançarino de street que tingiu os cabelos foi o carioca Wagner Luiz. Ele participa do grupo de street Aprint de Navegantes (SC) e pintou os cabelos de duas cores; preto e amarelo. "Achei o máximo o meu cabelo. Adorei. Assim desse jeito me destaco e me diferencio das outras pessoas e dos bailarinos de street de outros grupos", de lara vaidoso. O bailarino Rafael Dias Tavares de apenas 12 anos de idade circula pela praça de alimentação do Centreventos com dois brincos argola.
Um raro incentivo à dança
O bailarino, coreógrafo e produtor Márcio Costa, 31, veio de Roraima com a Cia de Dança Master Class, acompanhar o festival, de ponta a ponta. O grupo viajou confortavelmente num avião particular, emprestado pelo governador do Estado, Neudo Campos. E não teve que se espremer em alojamentos. Estão todos em hotel. O bailarino deixou Brasília, sua terra natal, em busca de caminhos que o fixassem na dança. Em Roraima encontrou campo para um Movimento pela Cultura e Esporte (já que é também professor de Educação Física). Desde então, vem obtendo sucesso em seus projetos. "Tivemos sorte em conseguir incentivo do Estado. Isso é raro. Mas já é a quarta vez que a gente viaja com esse tipo de apoio", diz o bailarino que, este ano, só deverá se apresentar em palcos ao ar livre. "Nossa inscrição não chegou a tempo", explica.
Para o grupo, cada dia do festival é muito produtivo para a carreira. Além dos cursos, eles dizem absorver muito conhecimento nesse contato direto com outras companhias. "Assistir ao festival já é uma grande escola. A grande vantagem é a diversidade de coreografias, a quantidade de movimentos e técnicas. É fundamental participar, observar cenários e figurinos. Aproveito tudo", comenta Costa. (FC)
História dofestival contada em livro
Muitos convidados e participantes do 16º Festival de Dança de Joinville se reconhecerão nas 330 páginas do livro "Festival de Joinville 15 Anos de Dança", cujo lançamento será nesta quarta-feira, às 15 horas, na Praça de Convivência do Centreventos Cau Hansen.
Escrito pela crítica de dança Suzana Braga e os jornalistas Joel Gehlen e Paulo César Ruiz, o volume conta a história do festival, seus personagens, bastidores, sua evolução como evento cultural e seu papel no desenvolvimento da dança brasileira.
Cerca de 200 fotos, que compõem a memória do festival, ilustram a luxuosa publicação. "O texto tem a agilidade de uma grande reportagem", diz Suzana, que acompanha o festival desde a sua quarta edição.
Durante o festival, o livro estará a venda com preço promocional, de R$ 60,00. Depois, cumprirá uma agenda de lançamentos em todo o Brasil e estará disponível em livrarias por R$ 100,00. Em Joinville, será possível encontrar o volume na Livraria Midas.
Resultado de cuidadosa pesquisa, "Festival de Joinville 15 Anos de Dança" conta com patrocínio do Ministério da Cultura, Prefeitura e Fundação Cultural de Joinville e Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), além do apoio do jornal "A Notícia".
Tempo (29/01/2005)
Fonte: Climerh
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Notícias publicadas
Kerche e o argentino Hernan Piquin são atração de espetáculo de gala promovido pela Pró-Música em Florianópolis
Valéria Lages
Convidada a dançar em todo o mundo, a bailarina Cecília Kerche tinha prometido não sair do Rio de Janeiro durante seis meses para retomar o trabalho como primeira bailarina do Teatro Municipal. No posto desde 1985, estava afastada há quatro anos por divergências com a gestão anterior. Mas não resistiu à proposta da Pró-Música de Florianópolis. "Seria a primeira vez que eu me apresentaria aqui e, além disso, aceitaram a minha sugestão de fazer uma noite de gala, acrescentando ao espetáculo uma companhia de dança e cantores locais, valorizando os artistas catarinenses", explica.
Tudo acertado, show marcado: hoje e amanhã, no Teatro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura (CIC), às 21 horas. Entre os sete números a serem apresentados, um será solo de Cecília, dois serão do Conjunto Vocal Coração, do Colégio Coração de Jesus, dois do Balé Paula Castro, fundado em São Paulo com uma escola filial no CIC e outros dois serão grand pas-de-deux de Cecília com o argentino Hernan Piquin, primeiro bailairno do Teatro Colón, de Buenos Aires. O russo Dimitri Goudanov, que dançaria com ela, cancelou sua participação na sexta-feira por ter sofrido internação hospitalar devido a uma hepatite aguda.
Cecília irá abrir o espetáculo com o clássico "A Morte do Cisne". "Essa coreografia é fantástica porque foi registrada depois que a bailarina russa Ana Pavilova, que era genial, dançou a partitura criada por Fokine, em 1908. Ele não passou os gestos para ela, apenas disse o que o cisne sentia em cada nota e ela dançou se lembrando do que ele tinha falado. A partitura foi feita por Fokine em 15 minutos e ele ficou assitindo Ana interpretá-la, dentro da cochia, apenas acompanhando", conta, empolgada. "Tive a felicidade de ser enquadrada entre as poucas bailarinas do mundo que desde então conseguiram, em 2 minutos e 10 segundos, passar toda a beleza, a harmonia e a leveza do cisne, como fez Ana", complementa.
INTERNACIONAL
À exceção da maioria das bailarinas brasileiras, Cecília conseguiu ser reconhecida no Brasil sem ter que ir estudar fora do País. Depois, veio a fama internacional. "Aos 15 anos, tive a sorte de conhecer Pedro Kraszczuk, que era fabricante de sapatilhas e bailarino e que me incentivou muito. Acabamos casando e estamos junto há 19 anos, ele que cuida da minha carreira. Eu estudava balé desde os oito, mas foi com 15 que comecei a dançar mesmo. Pedro patrocinou as sapatilhas e custeou meus estudos. Meus pais, que eram professores, se esforçavam muito para pagar", conta. Tanto empenho familiar também foi bem aproveitado pela irmã, Graice Kerche, campeã mundial de aeróbica.
Aos 38 anos e com atuação reconhecida em todo o mundo, Cecília não hesita em dizer às bailarinas iniciantes: "Quem não fizer do balé sua vida não deve nem fazer, tem que saber que requer muito esforço. O balé tem que ser como uma segunda pele, pensar só como carreira não dá, ainda mais no Brasil".
O argentino Hernan Piquin nasceu em 1973, em Buenos Aires. Em 1985 entra no Instituto Superior de Arte do Teatro Colón, de onde saiu em 1990 para temporada no English NationaL Ballet School, em Londres, e depois no Le Jeune Ballet de la France, em Paris, companhia na qual desempenhou o papel de solista e primeiro bailarino. Piquin passou ainda pelo Ballet Juvenil de Caracas, na Venezuela, antes de, em 1992, ingressar no Balé Estável do Teatro Colón. Três anos depois, em 1994, é convidado por Julio Bocca - o mais importante bailarino argentino da atualidade - a formar o Ballet Argentino, no qual desempenhou como solista e primeiro bailarino em turnês pela Europa, Ásia, África e Américas. Em 1997 voltou para o Colón. Cecília Kerche e Piquin já dançaram juntos em várias oportunidaes.
Outra atração das duas noites promovidas pela Pró-Música de Florianópolis, o Ballet Paula Castro foi fundado em São Paulo em 1979 pela paulista, bailarina e coreógrafa que dá nome à companhia. O grupo tem uma coleção de prêmios nacionais e internacionais. O balé participa do espetáculos de hoje e amanhã com a bailarina Ana Paula Chiattone, colecionadora de medalhas de ouro na Argentina, Uruguai, Cuba e nos mais importantes festivais de dança do Brasil. O Conjunto Vocal Coração, formado por estudantes do Colégio Coração de Jesus, é regido pela maestrina Aurélia Hackenhaar.
Programa
Camille Saint Säens
A Morte do Cisne
Coreografia: M. Fokine
Cecília Kerche
Milton Nascimento
Canção da América
Conjunto Vocal Coração
Regente: Aurélia Hackenhaar
Tchaikovsky
Valsa das Flores
Coreografia: Ana Júlia Bermudez
Ballet Paula Castro (SP)
Tchaikovsky
A Bela Adormecida - pas-de-deux
Coreografia: Marius
Valéria Lages
Convidada a dançar em todo o mundo, a bailarina Cecília Kerche tinha prometido não sair do Rio de Janeiro durante seis meses para retomar o trabalho como primeira bailarina do Teatro Municipal. No posto desde 1985, estava afastada há quatro anos por divergências com a gestão anterior. Mas não resistiu à proposta da Pró-Música de Florianópolis. "Seria a primeira vez que eu me apresentaria aqui e, além disso, aceitaram a minha sugestão de fazer uma noite de gala, acrescentando ao espetáculo uma companhia de dança e cantores locais, valorizando os artistas catarinenses", explica.
Tudo acertado, show marcado: hoje e amanhã, no Teatro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura (CIC), às 21 horas. Entre os sete números a serem apresentados, um será solo de Cecília, dois serão do Conjunto Vocal Coração, do Colégio Coração de Jesus, dois do Balé Paula Castro, fundado em São Paulo com uma escola filial no CIC e outros dois serão grand pas-de-deux de Cecília com o argentino Hernan Piquin, primeiro bailairno do Teatro Colón, de Buenos Aires. O russo Dimitri Goudanov, que dançaria com ela, cancelou sua participação na sexta-feira por ter sofrido internação hospitalar devido a uma hepatite aguda.
Cecília irá abrir o espetáculo com o clássico "A Morte do Cisne". "Essa coreografia é fantástica porque foi registrada depois que a bailarina russa Ana Pavilova, que era genial, dançou a partitura criada por Fokine, em 1908. Ele não passou os gestos para ela, apenas disse o que o cisne sentia em cada nota e ela dançou se lembrando do que ele tinha falado. A partitura foi feita por Fokine em 15 minutos e ele ficou assitindo Ana interpretá-la, dentro da cochia, apenas acompanhando", conta, empolgada. "Tive a felicidade de ser enquadrada entre as poucas bailarinas do mundo que desde então conseguiram, em 2 minutos e 10 segundos, passar toda a beleza, a harmonia e a leveza do cisne, como fez Ana", complementa.
INTERNACIONAL
À exceção da maioria das bailarinas brasileiras, Cecília conseguiu ser reconhecida no Brasil sem ter que ir estudar fora do País. Depois, veio a fama internacional. "Aos 15 anos, tive a sorte de conhecer Pedro Kraszczuk, que era fabricante de sapatilhas e bailarino e que me incentivou muito. Acabamos casando e estamos junto há 19 anos, ele que cuida da minha carreira. Eu estudava balé desde os oito, mas foi com 15 que comecei a dançar mesmo. Pedro patrocinou as sapatilhas e custeou meus estudos. Meus pais, que eram professores, se esforçavam muito para pagar", conta. Tanto empenho familiar também foi bem aproveitado pela irmã, Graice Kerche, campeã mundial de aeróbica.
Aos 38 anos e com atuação reconhecida em todo o mundo, Cecília não hesita em dizer às bailarinas iniciantes: "Quem não fizer do balé sua vida não deve nem fazer, tem que saber que requer muito esforço. O balé tem que ser como uma segunda pele, pensar só como carreira não dá, ainda mais no Brasil".
O argentino Hernan Piquin nasceu em 1973, em Buenos Aires. Em 1985 entra no Instituto Superior de Arte do Teatro Colón, de onde saiu em 1990 para temporada no English NationaL Ballet School, em Londres, e depois no Le Jeune Ballet de la France, em Paris, companhia na qual desempenhou o papel de solista e primeiro bailarino. Piquin passou ainda pelo Ballet Juvenil de Caracas, na Venezuela, antes de, em 1992, ingressar no Balé Estável do Teatro Colón. Três anos depois, em 1994, é convidado por Julio Bocca - o mais importante bailarino argentino da atualidade - a formar o Ballet Argentino, no qual desempenhou como solista e primeiro bailarino em turnês pela Europa, Ásia, África e Américas. Em 1997 voltou para o Colón. Cecília Kerche e Piquin já dançaram juntos em várias oportunidaes.
Outra atração das duas noites promovidas pela Pró-Música de Florianópolis, o Ballet Paula Castro foi fundado em São Paulo em 1979 pela paulista, bailarina e coreógrafa que dá nome à companhia. O grupo tem uma coleção de prêmios nacionais e internacionais. O balé participa do espetáculos de hoje e amanhã com a bailarina Ana Paula Chiattone, colecionadora de medalhas de ouro na Argentina, Uruguai, Cuba e nos mais importantes festivais de dança do Brasil. O Conjunto Vocal Coração, formado por estudantes do Colégio Coração de Jesus, é regido pela maestrina Aurélia Hackenhaar.
Programa
Camille Saint Säens
A Morte do Cisne
Coreografia: M. Fokine
Cecília Kerche
Milton Nascimento
Canção da América
Conjunto Vocal Coração
Regente: Aurélia Hackenhaar
Tchaikovsky
Valsa das Flores
Coreografia: Ana Júlia Bermudez
Ballet Paula Castro (SP)
Tchaikovsky
A Bela Adormecida - pas-de-deux
Coreografia: Marius
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