"Não canso de dizer: o ballet é a minha segunda pele".

quinta-feira, 17 de abril de 2008

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Kerche e o argentino Hernan Piquin são atração de espetáculo de gala promovido pela Pró-Música em Florianópolis
Valéria Lages
Convidada a dançar em todo o mundo, a bailarina Cecília Kerche tinha prometido não sair do Rio de Janeiro durante seis meses para retomar o trabalho como primeira bailarina do Teatro Municipal. No posto desde 1985, estava afastada há quatro anos por divergências com a gestão anterior. Mas não resistiu à proposta da Pró-Música de Florianópolis. "Seria a primeira vez que eu me apresentaria aqui e, além disso, aceitaram a minha sugestão de fazer uma noite de gala, acrescentando ao espetáculo uma companhia de dança e cantores locais, valorizando os artistas catarinenses", explica.
Tudo acertado, show marcado: hoje e amanhã, no Teatro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura (CIC), às 21 horas. Entre os sete números a serem apresentados, um será solo de Cecília, dois serão do Conjunto Vocal Coração, do Colégio Coração de Jesus, dois do Balé Paula Castro, fundado em São Paulo com uma escola filial no CIC e outros dois serão grand pas-de-deux de Cecília com o argentino Hernan Piquin, primeiro bailairno do Teatro Colón, de Buenos Aires. O russo Dimitri Goudanov, que dançaria com ela, cancelou sua participação na sexta-feira por ter sofrido internação hospitalar devido a uma hepatite aguda.
Cecília irá abrir o espetáculo com o clássico "A Morte do Cisne". "Essa coreografia é fantástica porque foi registrada depois que a bailarina russa Ana Pavilova, que era genial, dançou a partitura criada por Fokine, em 1908. Ele não passou os gestos para ela, apenas disse o que o cisne sentia em cada nota e ela dançou se lembrando do que ele tinha falado. A partitura foi feita por Fokine em 15 minutos e ele ficou assitindo Ana interpretá-la, dentro da cochia, apenas acompanhando", conta, empolgada. "Tive a felicidade de ser enquadrada entre as poucas bailarinas do mundo que desde então conseguiram, em 2 minutos e 10 segundos, passar toda a beleza, a harmonia e a leveza do cisne, como fez Ana", complementa.
INTERNACIONAL
À exceção da maioria das bailarinas brasileiras, Cecília conseguiu ser reconhecida no Brasil sem ter que ir estudar fora do País. Depois, veio a fama internacional. "Aos 15 anos, tive a sorte de conhecer Pedro Kraszczuk, que era fabricante de sapatilhas e bailarino e que me incentivou muito. Acabamos casando e estamos junto há 19 anos, ele que cuida da minha carreira. Eu estudava balé desde os oito, mas foi com 15 que comecei a dançar mesmo. Pedro patrocinou as sapatilhas e custeou meus estudos. Meus pais, que eram professores, se esforçavam muito para pagar", conta. Tanto empenho familiar também foi bem aproveitado pela irmã, Graice Kerche, campeã mundial de aeróbica.
Aos 38 anos e com atuação reconhecida em todo o mundo, Cecília não hesita em dizer às bailarinas iniciantes: "Quem não fizer do balé sua vida não deve nem fazer, tem que saber que requer muito esforço. O balé tem que ser como uma segunda pele, pensar só como carreira não dá, ainda mais no Brasil".
O argentino Hernan Piquin nasceu em 1973, em Buenos Aires. Em 1985 entra no Instituto Superior de Arte do Teatro Colón, de onde saiu em 1990 para temporada no English NationaL Ballet School, em Londres, e depois no Le Jeune Ballet de la France, em Paris, companhia na qual desempenhou o papel de solista e primeiro bailarino. Piquin passou ainda pelo Ballet Juvenil de Caracas, na Venezuela, antes de, em 1992, ingressar no Balé Estável do Teatro Colón. Três anos depois, em 1994, é convidado por Julio Bocca - o mais importante bailarino argentino da atualidade - a formar o Ballet Argentino, no qual desempenhou como solista e primeiro bailarino em turnês pela Europa, Ásia, África e Américas. Em 1997 voltou para o Colón. Cecília Kerche e Piquin já dançaram juntos em várias oportunidaes.
Outra atração das duas noites promovidas pela Pró-Música de Florianópolis, o Ballet Paula Castro foi fundado em São Paulo em 1979 pela paulista, bailarina e coreógrafa que dá nome à companhia. O grupo tem uma coleção de prêmios nacionais e internacionais. O balé participa do espetáculos de hoje e amanhã com a bailarina Ana Paula Chiattone, colecionadora de medalhas de ouro na Argentina, Uruguai, Cuba e nos mais importantes festivais de dança do Brasil. O Conjunto Vocal Coração, formado por estudantes do Colégio Coração de Jesus, é regido pela maestrina Aurélia Hackenhaar.
Programa
Camille Saint Säens
A Morte do Cisne
Coreografia: M. Fokine
Cecília Kerche

Milton Nascimento
Canção da América
Conjunto Vocal Coração
Regente: Aurélia Hackenhaar

Tchaikovsky
Valsa das Flores
Coreografia: Ana Júlia Bermudez
Ballet Paula Castro (SP)

Tchaikovsky
A Bela Adormecida - pas-de-deux
Coreografia: Marius

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