"Não canso de dizer: o ballet é a minha segunda pele".

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cecilia Kerche em noite de Gala em Joinville





Cecilia Kerche é ensaísta convidada, do ballet "Giselle" juntoa a Escola de Ballet Bolshoi do Brasil que fará apresentação na noite de Gala no Centraventos às 20:00.
Com a presença de dois bailrinos russos - Marianna Ryzhkina e Dmitry Gudanov.







A Personagem Predileta



Cecília Kerche, ao responder a uma entrevista a respeito do seu ballet sobre qual era o seu preferido, responde com toda segurança: Giselle.

“Minha predileção por “Giselle” está diretamente ligada a dois importantes momentos da minha vida. Dancei Giselle aos 18 anos de idade, antes de me tornar uma bailarina profissional e depois, já no Teatro Municipal, foi a minha estréia como solista”.

Como intérprete,posso dizer que essa personagem requer da bailarina um refinamento interpretativo que começa na criação do personagem.

Giselle é um ballet de grande densidade dramática e complexidade técnica.

A linha mestra dessa personagem é o espectro do sentimento humano universal que é o amor. E é esse sentimento a ação principal do conflito.

Agora, o que compõe esse conflito?

Então passamos por algumas etapas: O lúdico, que é, em princípio, a vida no campo; a poesia lírica, na personalidade de Giselle, uma camponesa de saúde frágil, mas de extrema vitalidade interior.

Em seguida o drama: a felicidade interrompida pelo destino.

Vida e Morte, tendo como símbolo a espada - a ruptura”.

O espectro do amor de Giselle em Cecilia Kerche está intimamente ligado à sua forma de dançar. Giselle e Cecilia possuem um sentimento incondicional no palco da vida. Uma forma de encarar o ballet como uma segunda pele, de certa forma se compagina com a mesma atitude de entrega da sua personagem ao amor de Albrecht. Esse sentimento arrebata a existência de Giselle a ponto de unir-se definitivamente a esse amor.

È uma escolha espiritualizada de compreender os fatos, a sabedoria necessária no discernimento das dificuldades, para responder a esses fatos.

“ Sempre que pensei ser a última vez que pisava no palco, ao término sentia uma força interior muito grande, uma espécie de proteção espiritual que ma fazia continuar...

“... trabalhar com arte é despertar a sensibilidade do outro pelo veículo da emoção. Isso requer amor. Acredito no poder transformador que a arte provoca, e a minha dança é parte disso, pois quando estou no palco é a minha alma quem dança.

Creio que dançar “Giselle”, seja a forma empírica de escutar a mim mesma, pois quando estou no palco é minha alma quem dança”.

O universo místico desse ballet, é o que há de mais fascinante e desafiador para uma Primeira Bailarina. Por que lida com a certeza indecifrável da vida, que vem a ser a morte, a finitude humana material que, aos olhos da arte, representa plenitude e realização.

Cecilia Kerche é o espectro do amor de Giselle na redenção de todos nós, ao compartilharmos da sua capacidade de produzir arte transformadora.

“Giselle representa a pérola do romantismo”.





Wellen Barros