"Não canso de dizer: o ballet é a minha segunda pele".

quinta-feira, 17 de abril de 2008

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16º Festival de Dança de Joinville - 1998
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Noticiário- Programação- Bares,boates, restaurantes de Joinville- Espetáculo para todos- Entrevista com Pollyana Ribeiro- Entrevista com Vasco Wellenkamps- Um passo de ponta
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D. QuixoteCecília Kerche e Marcelo MisailidisFoto: Cleber Gomes
CarmenZhandra Rodriguez e Alejandro GómezFoto: Marcelo Caetano
Estrelas de mãos e pés cheios
Suzana BragaCrítica de Dança
Não é uma novidade, mas sempre vale a pena registrar que, ano após ano, vêm melhorando consideravelmente as atrações que ilustram as noites de competições. Se alguns senões ficam por conta dos chamados "gatos por lebre" que são contratados, para a estréia oficial do evento, vendidos a mídia e ao público sem o menor constrangimento de cometer uma propaganda enganosa em torno de companhias, o que muitas vezes deixa críticos e especialistas numa saia justíssima, não pela qualidade, mas pela forma como é apresentado o produto.
Porém, os convidados das noites de competição vêm mantendo um ótimo padrão de qualidade. Os dois primeiros dias de disputas desse ano evidenciaram isso. No primeiro, mais uma vez Cecília Kerche, acompanhada de Marcelo Misailidis. Cecília é a artista que mais freqüenta o Festival de Joinville. Nada de mal nisso. Quem não quer um bis de Cecília Kerche?
Cecília e Marcelo apresentaram o "manjado" pas-de-deux de D. Quixote, que interpretado por essa dupla de bailarinos toma novo corpo, nova alma, nem parece aquela peça cavalo-de-batalha que os estudantes de dança adoram apresentar.
Dançaram bem, com brio, elegância e valentia técnica. Felizmente, sem muitos "olés" ou caras e bocas. Cecília é uma bailarina clean, prefere interpretar menos e dançar mais. Quem tem o físico e as qualidades de Cecília Kerche não precisa apelar e ela sabe disso. Marcelo é um partner exemplar tornando imperceptível uma defasagem física entre os dois pois Cecília é uma bailarina alta e forte para Misailides. Foi nobre a atuação do bailarino. O pas-de-deux foi realizado num eixo impecável. Parecia que Cecília estava dançando sozinha e é isso que distingue um bom partnere um bom entrosamento.
As variações tiveram seus senões, mas coisas irrelevantes diante de uma atuação tão boa. Cecília está absolutamente no "ponto". A bailarina que lutou por mais de um ano para recuperar completamente um problema no joelho volta à plena forma e deu um show de exuberância técnica. A coda, o arremate do balé, foi primorosa. Cecília, aborrecida por um escorregão na variação, entrou "cuspindo fogo" fez o possível e o impossível, esteve endiabrada. De quebra atendeu aos apelos do público e bisou com saúde invejável a coda. Misailidis acompanhou o desafio com elegância.
Na Segunda noite foi a vez da venezuelana Zhandra Rodriguez mostrar que quem foi rei sempre será majestade. Aos confessos 51 anos de idade, Zhandra que desenvolveu uma notória carreira internacional, tendo dançado no American Ballet Theatre, no Balé Nacional de Cuba, e de ter sido a companheira de palco de Mikhail Baryshnikov no auge da fama, mostrou que, em alguns casos ­ só em alguns ­ idade não é documento.
Zhandra é, aliás sempre foi muito especial. Enxuta, bela, cheia de gás Zhandra interpretou uma esplêndida Carmen, muito bem apoiada por Alejandro Gómez no papel de Don José. A coreografia, feita especialmente para a bailarina, é assinada por Hector Montero (do Balé Hispânico de Nova Iorque) com a conhecida música de Bizet. Não é uma peça coreográfica de grande criatividade mas feita, sob medida, para valorizar os pontos fortes de Zhandra como, por exemplo, seu belíssimo trabalho de pernas e pés (nada alterados pela idade), sua sensualidade em dose certa e seu atrevimento quase acrobático. Foi um presente para o público de Joinville assistir a apresentações como a de Cecília e Misailidis e a de Zhandra e Alejandro.
Cecília, sílada a sílaba
Joel GehlenEditor do ANFestival
E no princípio era o vazio enorme e negro do palco, com cada espeço ávido pelo instante de ser preenchido pela substância do seu bailado. Não as mãos, nem as pernas muito menos o corpo inteiro, mas o movimento fátuo em que todas as chamas se acendem para em seguida silenciar.
Ainda sibilam e os olhos sotetram, sílada a sílaba, cada movimento de suas pernas, Cecília. E quando penso que é seu limite, e que além só há o silêncio dos músculos em descanso você inventa uma fração nova para o gesto, um fraseado diferente: o apogeu. Cecília e Marcelo Misailides se enfrentam na arena toureando tudo que não seja perfeição. Esta sim, uma glória brasileira ou, a própria pátria de sapatilhas.
Zhandra Rodrigues nos braços Alejandro Gómez desenhados a régua e compasso, longelíneos e sedutores inventando formas de se estar um no corpo do outro como se um único e seu contrário. Desenha-se quadro a quadro na urgência traquila dos amantes que sabem haver despedida em cada instante.
Ritmo frenético
Vinte três cursos transformam Centreventos em palco de ensino
Fátima ChueccoRepórter do ANFestival
Diferentes idiomas e técnicas se fundem num mesmo objetivo: o aperfeiçoamento e difusão da dança. Por isso, 23 professores de sete países vieram rechear a programação de cursos do 16º Festival de Dança. Diariamente, bailarinos de todo o País sobem e descem freneticamente as escadarias do Centreventos, num balé nascido da mais pura empolgação. Muitos dos cursos foram centralizados no Cau Hansen, onde salas foram adaptadas para o balé clássico, jazz e sapateado. O público aprovou a idéia. "Unir grande parte dos cursos num só local facilitou muito nosso transporte. Com isso também economizamos tempo", diz a paranaense Ana Paula Dias, 25, que pela segunda vez vem a Joinville participar do curso de Roseli Rodrigues. Mas ela acrescenta que os cursistas são, de certa forma, "discriminados". "Nós damos lucro ao festival. Pagamos para ver os espetáculos e pelos cursos. Somos ainda os maiores consumidores da Feira da Sapatilha e da praça de alimentação. No entanto, não temos descontos em nada, nem mesmo nas boates".
A paulista Ivete de Oliveira, 29, que também veio à cidade atraída pelas aulas de jazz, elogiou as instalações do Centreventos, mas reprovou a organização. "Foi divulgado que se poderia fazer inscrição na hora, mas acabou não funcionando desse jeito e perdi o primeiro dia do curso", desabafa. Márcio Monteiro, 22, subiu as serras gaúchas em busca de um aperfeiçoamento no balé clássico. No seu primeiro dia de aulas no Sesc se deparou com uma sala onde faltava linóleo, piano e breu. "Os professores são ótimos. O preço dos cursos é bastante acessível, mas falta acertar detalhes desse tipo", comentou. Na hora do "rango" os dois recém-amigos (eles se conheceram na fila da bilheteria) têm a mesma opinião. "A praça de alimentação está fraca. Não tem nem gatorade", diz Ivete. Márcio salienta que, a praça deveria ter um self-service: "Faço cursos pela manhã e à tarde. Saio do alojamento cedo e só volto de madrugada, depois do festival. Sinto falta de um restaurante que tenha comida caseira dentro do Centreventos".
Sem perda de tempo
Marcelo Brasil, 29, partiu de Pedreira, uma pequena cidade paulista, em busca de cursos com feras internacionais. Se depender do fôlego, o bailarino terá sucesso garantido na carreira, pois, para não perder tempo, se inscreveu em quatro cursos. Durante toda a semana encara as aulas com Alexandre Magno, Rose Calheiros, Roseli Rodrigues e Marcelo Cirino. "E ainda acompanho os espetáculos todas as noites", diz ostentando a boa forma física. Marcelo, mesmo sem subir ao palco, bem que merecia um troféu pelo seu esforço.
Tatiana Hass, 22 e Ana Paula Minari, 21, ambas da Faculdade de Dança da Unicamp, de Campinas, São Paulo, saltaram no Centreventos animadas com o curso de Felipe Sánchez. Não era para menos. O professor espanhol é uma das maiores estrelas da dança flamenca. "É uma oportunidade imperdível, principalmente para quem não pode sair do país para cursos de aperfeiçoamento", assinala Tatiana. As irmãs Camila e Talita Boeing, de 13 e 11 anos, vieram de Florianópolis. Escolheram as aulas de balé clássico da russa Maria Vakhousheva. "O principal é o intercâmbio. As professoras russas são mais rígidas que as brasileiras. Elas nos cobram, por exemplo, maior expressão facial como complementação dos movimentos", diz Camila.
O brasileiro é dorminhoco
O brasileiro é talentoso, mas nem sempre disciplinado. Não respeita horários e dorme demais. Por conta disso, sofe muito quando entra para uma escola no Exterior. O "veredicto" é da bailarina e coreógrafa Rose Calheiros, do Teatro Municipal de Mannheim, na Alemanha e que está ministrando cursos de jazz no Centreventos. Já no primeiro dia de aula, a professora avisou: "Tem que chegar 15 minutos antes, caso contrário, não entra". "Toda a Europa sabe que somos uma fábrica de bailarinos, porém sem disciplina para a dança. Em outro país, o brasileiro fica muito deprimido, engorda e se atrasa. Se o ensaio está marcado para às 9h30, ele chega às 10h05. É uma coisa cultural. Eu mesma, no início, passei por isso. Até hoje uso despertador para levantar com duas horas de antecedência e evitar atrasos", comenta.
Quanto às instalações, a bailarina se diz satisfeita. "Tem que ter muita coragem para criar um evento desse porte. Claro que no primeiro ano de festival numa casa nova, não dá pra dizer que está perfeito, mas essa experiência vai nos servir de espelho. De qualquer forma, do último festival para este, o passo foi enorme. Ser uma convidada é um privilégio impagável".
Sacudindo o esqueleto
Não resta dúvida que o carioca Alexandre Magno, 31, tem muito jogo de cintura. Afinal, tem que dançar e, ao mesmo tempo, supervisionar os movimentos das cerca de 100 alunas do seu curso pela manhã. O coreógrafo que encantou Madonna e também fez trabalhos para Michael Jackson, Cherr, Paula Abdul, Natalie Cole e Gloria Stefan, tenta passar no curso que dá no festival um pouco de sua experiência adquirida no Exterior. "O Brasil está bem situado no balé moderno. Acabo de voltar de um festival na Bahia que provou estarmos em nível de primeiro mundo. Mas o jazz está um pouco atrasado. Falta fundir vários gêneros. Os norte-americanos, por exemplo, utilizam no jazz elementos que vão do clássico ao street dance. O trabalho fica muito mais elaborado", explica.
Com residência fixada em Los Angeles, o coreógrafo diz que é quase um"milagre", em se tratando de Brasil, ter um local como o Centreventos e que sirva tão bem ao mundo da dança, reunindo gente famosa e permitindo o crescimento dessa arte no País. Para os aspirantes a bailarino, que andam meio desanimados com as dificuldades impostas pela carreira, vale lembrar que Alexandre pisou pela primeira vez em Los Angeles com apenas 600 dólares, uma passagem de ida e volta que ganhou num concurso. Não tinha emprego e nem amigos. Mas tinha garra.
Sapateando com Marchina
Surgido no final do século passado, o sapateado ainda é uma modalidade glamouriosa, com sonoridade contagiante e inegavelmente "festiva", assim como o povo brasileiro. "Por isso pegou no Brasil", diz Marchina professora que tem um dos cursos mais concorridos deste festival. "O sapateado está mudando em função das próprias variações musicais. Nosso sapateado é mais rítmico, mais dançado. Minha técnica visa a improvisação de sons e é voltada para a naturalidade dos movimentos". Ela dá aulas há 21 anos e comenta que não existe limite de idade para entrar no sapateado. O único problema é que são poucas as escolas no Brasil. Quanto ao espaço do Centreventos, Marchina aprovou. Apenas observou que a acústica das salas de aula deve ser melhor trabalhada.
Sagração da juventude
Nas noites clássicas, o que mais vêm chamando à atenção do público, dos jurados e dos especialistas em dança é a nova safra que está chegando ao palco. Ela está repleta de mocinhas e rapazes de excelente nível. Em quase todos os números apresentados sempre existe uma bailarininha - às vezes perdida no meio de outras tantas - que fazem arregalar os olhos dos especialistas que já antevêem, para daqui a alguns anos, muitas novas Pollyanas, Danielas, Fernandas Diniz e cia.
Por exemplo, na segunda noite de competições clássicas, o júri deve ter sofrido para decidir, no júnior II quem levaria um primeiro ou um segundo lugar entre as talentosíssimas Aline Campos Ferro Rocha ( Grupo Talhe, do Rio ); Fernanda Gomes Morais (do Dançarte, de Goiás); Andressa Bele Fusco ( Grupo Bele Fusco) ou ainda Maria Clara da Silva (da Escola do CIC, de Florianópolis). Todas poderiam tirar um primeiro lugar e, outros tantos talentos ainda apareceram, dignos de prêmios, no palco do festival.
Na modalidade profissional não houve toda essa exuberância mas também apareceram alguns destaques como, por exemplo, Denise Raquel Siqueira que dançou a variação de "Diana e Actheon", dando o primeiro lugar para a Cia. Raça e Magia (SP) ou Priscila Marcassa, do Grupo Ilusão e Vida (SP), interpretando a mesma variação e ainda Letícia Cavalcanti do Talhe Ballet (RJ), que mostrou um bom estilo e uma técnica segura na difícil variação do "Cisne Negro".
De mau gosto apenas as opções de repertório. Convenhamos que uma concorrente, normalmente uma aluna ou bailarina em início de carreira dançar "Giselle", segundo ato é dose. Giselle é um balé para o ápice de uma carreira profissional, de estilo difícil e que deve ser visto no geral. Outras discrepâncias de repertório também foram observadas, mas afinal ninguém nasce sabendo e é possível corrigir, basta querer.
Dentre os rapazes, Thiago Soares da Cia. De Dança Rio (RJ) deu um show no palco interpretando a variação masculina do balé "Diana e Actheon". O jovem, de 17 anos, promete um futuro brilhante na dança.
Os duos clássicos apresentados na noite não foram de grande expressividade. Mesmo assim destaque para a apresentação do Grupo Talhe, que levou mais um justo primeiro lugar.
Nas apresentações clássicas de conjunto, brilhou o Studio D1, voltando a apresentar-se em Joinville. O grupo curitibano, dirigido por Dora de Paula Soares, apresentou uma bem entrosada e bem elaborada "Tarantella", assinada por Ismael Guiser. As meninas do D1 "tiniram" no palco dando conta, com brios, das dificuldades técnicas da coreografia. Receberam o 2º lugar, poderiam ter levado o primeiro que ficou vago.
Boa a apresentação da Escola de Danças do Teatro Guaíra, com a peça "Reflexos", terceiro lugar no amador II. Ainda no clássico conjunto, nada muito especial apareceu. Venceu o melhor, o Balé Paula Castro, de São Paulo. A confusa coreografia da "Valsa das Flores", numa inusitada versão de Alicia Alonso, segundo o programa foi disfarçada por muitos talentos que se sobressaíram do conjunto.
No geral, uma noite equilibrada. (Suzana Braga)
Foto: Divulgação Croma Imagem
Tango nas pontas
Joel GehlenEditor do ANFestival
Lina Lapertosa e Lair Assis, dois bailarinos de uma das mais importantes companhias nacionais, a Cia Mineira de Dança, de Belo Horizonte, sobem ao palco do Cau Hansen nesta quarta-feira para abrir a última noite de competições clássicas e dar início à apresentações de danças populares. No programa, a peça "Tango Concierto", um tango popular de Astor Piazzolla, coreografado por Oscar Araiz e dançado nas pontas. Nada mais adequado para uma noite de dupla face.
Lina é bailarina de formação clássica e desde 1980 integra o elenco da companhia oficial mineira, que até 1990 chamava-se Balé Palácio das Artes. Em 1983, passou a primeira bailarina. A partir de então participou de todas as montagens da Cia em coreografias contemporâneas, modernas e clássicas, dançando os melhores coreógrafos da atualidade como Rodrigo Pederneiras, Tíndaro Silvano e os argentinos que atuam no Brasil, Luis Arrieta, Oscar Araiz e Julio Lopes. Lina tem em seu currículo residência de estudo no conceituado conservatório Julliard School, de Nova Iorque, aulas no Bolshoi, em Moscou, e apresentações ao lado do bailarino cubano Fernando Bujones.
Moderno e contemporâneo
O partner de Lina, Lair Assis, também bailarino mineiro integrante da Cia. de Belo Horizonte há dez anos, tem formação clássica, mas construiu toda sua carreira com peças modernas e contemporâneas. Das suas apresentações internacionais destaca a participação, com o mesmo "Tango Concierto", em 1994 no concurso Vignale Danças, na Itália. "Tango Concierto" foi criada originalmente para Júlio Bocca, bailarino argentino.
A versão que será apresentada no festival foi remontada em 1988 em Belo Horizonte por Araiz. Segundo Lina, trata-se de "uma peça que agrada muito, pois começa estilizada, depois passa para um tango realmente mais popular". Lair descreve a coreografia como "um tango com técnica clássica, que transpira amor, ódio e reconciliação". A peça usa muito os passos do tango mas é dançada nas pontas, tendo como figurino uma camisola para a bailarina e roupas comuns para o rapaz; o cenário - como seria de se esperar de um tango - é composto apenas de uma cadeira. O público pode esperar desta peça a sensualidade típica do tango, começa como se fosse uma briga, uma luta dentro de um quarto. Esta remontagem foi feita em 88 e desde então Lina e Lair vêm dançando-a juntos.
16º Festival de Dança de Jonville
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Última noite de clássico divide palco com danças populares
Esta quarta-feira é o último dia das competições de clássico. A noite ainda será divida com as danças populares. Serão 15 coreografias no clássico, entre amador e profissional. Apesar da presença de grupos que "alugam" o palco do festival nos últimos anos, como o Ilara Lopes, que participa e ganha prêmios em Joinville desde o início do festival nos anos 80; o Centro Mineiro de Danças Clássicas, que, a rigor, dispensa apresentações; o Pavilhão D; o Especial, novas escolas entram na disputa pelo pódio.
Único grupo catarinense a dançar nesta noite, o Gayia, de Florianópolis, apresenta a coreografia "Entusiasmo", de Bárbara Rey, sob o tema musical "Entardecer", de Renato Borghetti. A peça, que tem 9 bailarinos em cena, se inspira no entusiasmo como emoção capaz de gerar atitudes, opiniões, raciocínios, enfim, produzir um modus vivendi calcado na subjetividade, mas que tem implicações no cotidiano do ser humano concreto, objetivo, que vive em sociedade.
A Academia de Balé Lina Penteado também é outro grupo que vem despontando nos últimos anos no Festival de Joinville. Neste ano, os oito bailarinos de Campinas, cidade do interior de São Paulo, interpretam a coreografia "Joker", de Luciana Checchia, que tem como inspiração o coringa do baralho, em que os integrantes dançam como se tudo - até a vida? - não passasse de um grande exercício lúdico.
Baseado no romantismo italiano, o Grupo Uirapuru (de Ilara Lopes), defende a coreografia "Soirée", de Jorge Peña. O tema musical é "Coletânea de Britten", de Rossini. Outro grupo que se inspira em um romantismo todo particular é o Camila Ballet, de São Paulo. Trata-se de uma paixão avassaladora de um pintor, mestre do impressionismo, Degas, pelo balé. As bailarinas foram a fonte-mor do pintor francês, que as retratou, esculpiu, acariciou com o olhar lânguido e preciso, como ninguém nas artes plásticas.
Mais um neófito pisa no palco "zero-quilômetro" do Centreventos Cau Hansen. Trata-se do Ballet Miti Warangae, de São Bernardo do Campo, que aposta em "Grand Adágio" para surpreender os favoritos da noite. Segundo o material de divulgação da escola, a peça tem linhas e formas bem acadêmicas, "definindo a linguagem clássica de acordo com o nível técnico dos bailarinos".
O Grupo Passo a Passo, de São Paulo, filho do profissional Cisne Negro, um dos convidados especiais do ano passado, apresenta a coreografia "Flocos de Neves", uma adaptação de Gláucia Coelho do 1º ato do balé "Quebra Nozes" para o tema musical "Waltz of the Snow Flakes", de Tchaikovsky. Pelo retrospecto do grupo paulista que tem na direção a competente Hulda Bittencourt, tem grandes chances de subir ao pódio nesta noite.
Populares
Nas disputas de danças populares, uma surpresa: o Dança de Rua do Brasil, grupo que costuma levantar o público em suas apresentações de street dance no festival, companhia que, inclusive, detém dois Troféus Transitórios do festival. O grupo Santista apresenta "Samba de Rua", uma coreografia que aposta na malemolência e na cadência da batida da bateria e seus surdos, tamborins e agogôs e pelo apito do mestre. A coreografia pode ser traduzida em duas palavras: samba no pé. Ou, como preferem os seus integrantes, samba de rua.
Outro na disputa é o Cia de Dança de Salão Edson Nunes, que aposta em "Heróis de Ontem", uma criação coletiva do grupo. Os bailarinos caem na festa do rock'n'roll. Energia e suingue não devem faltar. Já o Klânemos Cia de Dança, de Hortência Móllo, diretora e coreógrafa do grupo carioca, sobe ao palco com "Suíte Russa". O enredo é sobre "jovens e enamorados casais russos, misturando lirismo, leveza, com o embalo do som do rico folclórico russo. Para fechar a noite, sobe ao palco o Grupo Expressão com a coreografia "Inconstâncias", de Renata Monnier, se inspira em dicotomias: forte e fraco, suave e forte, homem e mulher...
Bailarinos lançam moda em Joinville
Andressa ShellerEspecial para o ANFestival
Touquinhas, muitas touquinhas com trancinhas amarradas por elásticos coloridos. Cabelos de várias cores que vão do laranja até o mesclado loiro com preto. Brincos muitos brincos na orelha e piercings em outras partes do corpo. Redes de várias cores e tamanhos nos cabelos. Estas são algumas das modas lançadas pelos bailarinos participantes da 16º edição do Festival de Dança de Joinville.
Passeando pelos shoppings da cidade é possível avistar facilmente meninas usando duas trancinhas no cabelo ou usando toucas ou até as duas coisas, como foi o caso da curitibana Fernanda Mara Vernine. Ela conta que em Curitiba é moda usar touca devido ao frio e que resolveu trazer esta moda para joinville durante o festival para se diferenciar das outras bailarinas, mas pelo visto não deu muito certo. "Todas as bailarinas estão usando touca, é realmente algo incrível, resolvi então junto com a touca usar duas tranças no cabelo", explica.
"Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada. Cabelo pode ser cortado, pode ser seco ou molhado", diz a música. Mas os cabelos querem ser coloridos nas cabeças dos garotos que dançam street neste festival.
Adir Oliveira, 21 anos integra o grupo de street de Santos (SP) e possui o cabelo pintado na cor laranja avermelhado. Ele afirma que cada integrante do grupo possui o cabelo de uma cor diferente. "Um possui cabelo amarelo,outro verde e outro roxo. Fazemos isto porque achamos legal, combina com as coreografias e assim nós também nos diferenciamos dos outros dançarinos", diz.
Outro dançarino de street que tingiu os cabelos foi o carioca Wagner Luiz. Ele participa do grupo de street Aprint de Navegantes (SC) e pintou os cabelos de duas cores; preto e amarelo. "Achei o máximo o meu cabelo. Adorei. Assim desse jeito me destaco e me diferencio das outras pessoas e dos bailarinos de street de outros grupos", de lara vaidoso. O bailarino Rafael Dias Tavares de apenas 12 anos de idade circula pela praça de alimentação do Centreventos com dois brincos argola.
Um raro incentivo à dança
O bailarino, coreógrafo e produtor Márcio Costa, 31, veio de Roraima com a Cia de Dança Master Class, acompanhar o festival, de ponta a ponta. O grupo viajou confortavelmente num avião particular, emprestado pelo governador do Estado, Neudo Campos. E não teve que se espremer em alojamentos. Estão todos em hotel. O bailarino deixou Brasília, sua terra natal, em busca de caminhos que o fixassem na dança. Em Roraima encontrou campo para um Movimento pela Cultura e Esporte (já que é também professor de Educação Física). Desde então, vem obtendo sucesso em seus projetos. "Tivemos sorte em conseguir incentivo do Estado. Isso é raro. Mas já é a quarta vez que a gente viaja com esse tipo de apoio", diz o bailarino que, este ano, só deverá se apresentar em palcos ao ar livre. "Nossa inscrição não chegou a tempo", explica.
Para o grupo, cada dia do festival é muito produtivo para a carreira. Além dos cursos, eles dizem absorver muito conhecimento nesse contato direto com outras companhias. "Assistir ao festival já é uma grande escola. A grande vantagem é a diversidade de coreografias, a quantidade de movimentos e técnicas. É fundamental participar, observar cenários e figurinos. Aproveito tudo", comenta Costa. (FC)
História dofestival contada em livro
Muitos convidados e participantes do 16º Festival de Dança de Joinville se reconhecerão nas 330 páginas do livro "Festival de Joinville ­ 15 Anos de Dança", cujo lançamento será nesta quarta-feira, às 15 horas, na Praça de Convivência do Centreventos Cau Hansen.
Escrito pela crítica de dança Suzana Braga e os jornalistas Joel Gehlen e Paulo César Ruiz, o volume conta a história do festival, seus personagens, bastidores, sua evolução como evento cultural e seu papel no desenvolvimento da dança brasileira.
Cerca de 200 fotos, que compõem a memória do festival, ilustram a luxuosa publicação. "O texto tem a agilidade de uma grande reportagem", diz Suzana, que acompanha o festival desde a sua quarta edição.
Durante o festival, o livro estará a venda com preço promocional, de R$ 60,00. Depois, cumprirá uma agenda de lançamentos em todo o Brasil e estará disponível em livrarias por R$ 100,00. Em Joinville, será possível encontrar o volume na Livraria Midas.
Resultado de cuidadosa pesquisa, "Festival de Joinville ­ 15 Anos de Dança" conta com patrocínio do Ministério da Cultura, Prefeitura e Fundação Cultural de Joinville e Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), além do apoio do jornal "A Notícia".

Tempo (29/01/2005)
Fonte:
Climerh
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