"Não canso de dizer: o ballet é a minha segunda pele".

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Para sempre Odette ( entrevista publicada - Site A Notícia)

Carreira em TI
Qua, 16 de Julho de 2008 04:54
Cecília Kerche não confirma nem nega, mas sua apresentação em "O Lago dos Cisnes", na abertura do festival, será uma espécie de despedida do palco do eventoA escolha de "OLago dos Cisnes" para a abertura do 26º Festival de Dança não foi à toa. Espetáculo ícone do balé clássico, é tido como uma das melhores montagens da Companhia de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. E coube à sua protagonista, Cecília Kerche, o pedido para trazê-lo a Joinville. Tudo porque "O Lago dos Cisnes" deve ser a última vez da bailarina no palco do evento.Homenagem digna para a estrela que cresceu e se tornou a dama do festival. As 13 participações dela se tiniciaram em 1989, curiosamente com o segundo ato de "O Lago dos Cisnes" - "Odette".Já reconhecida na América do Sul, Cecília ainda carecia de popularidade em seu País. Ao final da apresentação, na Harmonia Lyra, a estrela retornou ao palco para agradecer os aplausos ainda não findados.Essa relação de amor será abreviada em 2008. Apesar de a própria não confirmar sua aposentadoria do festival e se mostrar surpresa com essa informação vinda a público, é sabido que a bailarina quer abrir espaço para novos talentos e atuar mais nos bastidores, seja como jurada ou na divulgação de sua linha de sapatilhas, lançada em
2000.Ainda no Rio de Janeiro, durante os ensaios, Cecília Kerche declarou mais uma vez seu amor pelo evento e por "O Lago dos Cisnes". Disse ter notado uma evolução no nível das apresentações na mostra competitiva, o crescimento na formação de novos bailarinos. E encerrou com uma promessa: em 2009, estará por aqui novamente. Só não deverá subir ao palco.


AN Festival - No anúncio da vinda de "O Lago dos Cisnes" como espetáculo de abertura do 26º Festival de Dança, cogitou-se que essa pode ser sua última apresentação no evento. Há mesmo essa intenção?


Cecília Kerche - Não estava sabendo que se cogitava essa possibilidade! Mas dançar uma produção completa desse porte pode ser que seja mesmo a última vez no festival.


AN - Por que a escolha de "O Lago dos Cisnes" para essa despedida?


Cecília - Há dois anos cheguei a sugerir ao Ely Diniz (presidente do Instituto Festival de Dança) que fizesse duas comemorações ao mesmo tempo em 2007, o 25º aniversário do Festival, e os 130 anos desta obra com o Ballet do Theatro Municipal. Mas infelizmente não foi possível realizá-la no ano passado. No início de 2008, recebemos a grata notícia de que seria possível a apresentação dessa versão, que por dois anos consecutivos foi apontada pelo jornal "O Globo" como o melhor espetáculo.


AN - Há duas semanas, durante uma entrevista, a ex-primeira-solista do Bolshoi Nina Speranskaya afirmou que "todo grande bailarino sabe quando parar no auge". É o seu caso?
Cecília - Acho muito válida a colocação de Nina. Há uma fase da vida artística na qual se fecha um ciclo. Há balés que são para bailarinas mais jovens, como é o caso de "Coppelia", e outros balés que exigem uma maturidade que só os anos trazem. Não se espera que uma bailarina muito jovem, embora talentosa, tenha a mesma carga dramática de uma bailarina experiente para interpretar uma obra como "Damas das Camélias", por exemplo. Acho, sim, que tudo tem seu devido tempo.


AN - Você é considerada pela ex-bailarina e coreógrafa Natalia Makarova como a melhor intérprete de Odette/Odile dos últimos anos. A que credita essa relação com a personagem?
Cecília - É um balé maravilhoso, uma obra-prima tanto de música como de coreografia. Ao longo de minha carreira dancei diversas versões do "Lago" e ainda assim continuo estreitando minha relação com essas personagens. A cada preparação para interpretá-las sinto que estou aprendendo um pouco mais.


AN - Você já se apresentou várias vezes no Festival de Dança. Qual considera seu momento mais marcante?


Cecília - Já até perdi as contas de quantas vezes estive, faz tempo. Todas as atuações foram marcantes para mim, mas se tenho que escolher uma foi quando dancei pela primeira vez (em 1989), justamente o segundo ato de "O Lago dos Cisnes".


AN - Você vê uma renovação nos grandes nomes do balé brasileiro, ou Cecília Kerche e Ana Botafogo ainda são referências obrigatórias?


Cecília - Este País é rico em talentos, o que se necessita urgentemente são de companhias aos moldes do balé do Theatro Municipal, onde de fato um bailarino pode iniciar a carreira com perspectiva de crescimento artístico. Foi desta forma que Ana Botafogo e eu pudemos desenvolver nosso potencial artístico, tendo uma casa de trabalho. Essa mesma casa que hoje também abriga Claudia Mota, Marcia Jaqueline e Vitor Luiz como primeiros-bailarinos.


AN - Em 2000 você veio ao festival também para divulgar sua linha de sapatilhas. Como é atuar no mercado de negócios em paralelo à carreira?


Cecília - É uma grande responsabilidade, pois meu nome, com o peso de minha carreira, avalizam um produto que foi desenvolvido sob uma rigorosa tecnologia.


AN - O público ficará "órfão" ou em 2009 Cecília Kerche retorna a Joinville como jurada ou convidada?


Cecília - Espero ainda poder contribuir muito para o festival, seja de uma forma ou de outra.

EDSON BURG http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.j


A Notícia SC Redação
* entrevista publicada no site A Notícia de Santa Catarina
* foto: Cíntia Brach

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