"Não canso de dizer: o ballet é a minha segunda pele".
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Giselle - parte I
A ARTE TRANSFORMADORA
Giselle remete o espectador a refletir sobre o que diz Gustav Carl Jung, quando afirma que o artista não é uma pessoa dotada de livre arbítrio para buscar seus próprios objetivos, mas sim alguém que permite que a arte realize seus propósitos através dele.
Esse homem coletivo, narra o libreto de Gautier e Verony de Saint-Georges inspirada na popular lenda alemã que fala das Wilis – personalidades de jovens que vivem nas florestas com sede de vingança.
É uma história passada no século XIX, ,que faz contemporaneidade com o drama existencial da alma humana.
No 1º ato, é uma jovem camponesa que vive nos campos da Alsácia- França, apaixona-se pelo conde Albrecht, acreditando ser ele um lenhador chamado Loys. Albrechet por sua vez se encanta pela camponesa mas e não tem coragem de revelar sua verdadeira identidade que é noivo da Princesa Bathilde.
No 2º ato, Giselle aparece no chamado “reino das sombras”. Hilarion está de vigília na tumba de Giselle, mas foge apavorado pelas Wilis. Giselle ergue-se da sepultura para saudá-las.
Albrecht caminha levando flores até o túmulo de Giselle seguido por uma atmosfera envolvente do solo do cello na música de Adolf Adam que sensivelmente criou todo “clima” de dor e arrependimento. Albrechet percebe que seu amor por Giselle é muito maior do que ele soube demonstrar para com sua amada e não há mais nada que se possa fazer.
O vazio existencial toma conta de sua alma. Dia e noite, vida e morte se fundem numa só pessoa – Giselle.
A SONORIDADE NO MOVIMENTO
Uma forma pessoal de compor publicamente cada personagem, é o que se presencia na arte de Cecília Kerche. Uma linearidade, hora efervescente, hora contemplativa, particularmente arraigada a um temperamento psicológicamente adequado para vivenciar a história de “Giselle”.
Vítor Luiz na personagem de Albrecht, é a emoção de um talento num “danseur noble”. É possível ver na interpretação desse bailarino a complexidade sentimental interiorizada do seu personagem, à primeira vista, sem maiores comprometimentos. Um nobre bonito, que conquista com seu charme mais uma jovem..., mas será que Giselle, é para Albrecht apenas mais uma conquista ?
Ao que se pode notar, Vítor Luiz contribui, para esse dilema aparente de seu personagem, que se vê envolvido verdadeiramente por essa jovem camponesa. Todavia essa certeza de amor somente se concretiza quando não lhe é mais possível dizer à sua amada o quanto de fato ele a ama.
A contemporaneidade dos sentimentos, talvez uma espécie de solidão torne-se uma nítida certeza do drama existencial humano que prepondera no agir de um modo geral - a indiferença.
Cecília, sua "Giselle" é o espectro do amor que transcende toda adversidade. Uma obra mestra, na redenção de todos nós, ao compartilharmos da sua capacidade de produzir uma, arte transformadora.
Wellen de Barros
Abril de 2008
Giselle remete o espectador a refletir sobre o que diz Gustav Carl Jung, quando afirma que o artista não é uma pessoa dotada de livre arbítrio para buscar seus próprios objetivos, mas sim alguém que permite que a arte realize seus propósitos através dele.
Esse homem coletivo, narra o libreto de Gautier e Verony de Saint-Georges inspirada na popular lenda alemã que fala das Wilis – personalidades de jovens que vivem nas florestas com sede de vingança.
É uma história passada no século XIX, ,que faz contemporaneidade com o drama existencial da alma humana.
No 1º ato, é uma jovem camponesa que vive nos campos da Alsácia- França, apaixona-se pelo conde Albrecht, acreditando ser ele um lenhador chamado Loys. Albrechet por sua vez se encanta pela camponesa mas e não tem coragem de revelar sua verdadeira identidade que é noivo da Princesa Bathilde.
No 2º ato, Giselle aparece no chamado “reino das sombras”. Hilarion está de vigília na tumba de Giselle, mas foge apavorado pelas Wilis. Giselle ergue-se da sepultura para saudá-las.
Albrecht caminha levando flores até o túmulo de Giselle seguido por uma atmosfera envolvente do solo do cello na música de Adolf Adam que sensivelmente criou todo “clima” de dor e arrependimento. Albrechet percebe que seu amor por Giselle é muito maior do que ele soube demonstrar para com sua amada e não há mais nada que se possa fazer.
O vazio existencial toma conta de sua alma. Dia e noite, vida e morte se fundem numa só pessoa – Giselle.
A SONORIDADE NO MOVIMENTO
Uma forma pessoal de compor publicamente cada personagem, é o que se presencia na arte de Cecília Kerche. Uma linearidade, hora efervescente, hora contemplativa, particularmente arraigada a um temperamento psicológicamente adequado para vivenciar a história de “Giselle”.
Vítor Luiz na personagem de Albrecht, é a emoção de um talento num “danseur noble”. É possível ver na interpretação desse bailarino a complexidade sentimental interiorizada do seu personagem, à primeira vista, sem maiores comprometimentos. Um nobre bonito, que conquista com seu charme mais uma jovem..., mas será que Giselle, é para Albrecht apenas mais uma conquista ?
Ao que se pode notar, Vítor Luiz contribui, para esse dilema aparente de seu personagem, que se vê envolvido verdadeiramente por essa jovem camponesa. Todavia essa certeza de amor somente se concretiza quando não lhe é mais possível dizer à sua amada o quanto de fato ele a ama.
A contemporaneidade dos sentimentos, talvez uma espécie de solidão torne-se uma nítida certeza do drama existencial humano que prepondera no agir de um modo geral - a indiferença.
Albrechet caminha até o túmulo de "Giselle", Vítor Luiz expõe o seu personagem e destaca-se pela límpida técnica do seu "flutuar" passo a passo trazendo o resultado sombrio e desolado dessa indiferença passada ao "brincar" com os sentimentos de sua amada "Giselle".
Na música, o solo do Cello divide com Albrecht esse sentimento doloroso de desesperança e solidão.
Ali onde visivelmente seria impossível seu relacionamento com uma camponesa, sua dificuldade de assumir sua verdadeira identidade para Giselle, resulta numa tragédia que o faz rever seus sentimentos e atitudes. Sua dificuldade o leva a capacitar-se amar verdadeiramente, mesmo que tardiamente.
Albrechet ao se deparar com o amor que sente por Giselle - alguém que já não está mais presente é reconfortado pelo tom sobrenatural do sentimento do amor incondicional que Cecília Kerche dá à morte de sua persongem com sua interpretação.
No seu gestual, a clareza desprendida e envolvente ao oferecer flores ao seu amor Albrechet. É a forma viva que sua personagem encontrou para fazê-lo perceber concretamente que ele não estaria só para todo sempre. Nesse momento Albrechet sente a grandiosidade de sentimento que os une para eternidade e se deixa ser cuidado por Giselle.
A sonoridade no movimento de Cecília Kerche, é percebida por todos. É a sonoridade da alma da bailarina que nesse momento protagoiniza a história e dialoga com o espectador num diálogo da vida com a própria vida.
Presencia-se uma fusão entre "mundos" distintos, somente compreendidos através da arte. Assim sendo, justifica-se uma trajetória profissional impecável em grau máximo de excelência que não esta livre de sofrer "expiações" - felizmente passageiras - mas marcantes o suficiente, para trazerem o remédio eficaz da sabedoria em busca do entendimento, no livre diálogo da vida com a própria vida.
Ali onde visivelmente seria impossível seu relacionamento com uma camponesa, sua dificuldade de assumir sua verdadeira identidade para Giselle, resulta numa tragédia que o faz rever seus sentimentos e atitudes. Sua dificuldade o leva a capacitar-se amar verdadeiramente, mesmo que tardiamente.
Albrechet ao se deparar com o amor que sente por Giselle - alguém que já não está mais presente é reconfortado pelo tom sobrenatural do sentimento do amor incondicional que Cecília Kerche dá à morte de sua persongem com sua interpretação.
No seu gestual, a clareza desprendida e envolvente ao oferecer flores ao seu amor Albrechet. É a forma viva que sua personagem encontrou para fazê-lo perceber concretamente que ele não estaria só para todo sempre. Nesse momento Albrechet sente a grandiosidade de sentimento que os une para eternidade e se deixa ser cuidado por Giselle.
A sonoridade no movimento de Cecília Kerche, é percebida por todos. É a sonoridade da alma da bailarina que nesse momento protagoiniza a história e dialoga com o espectador num diálogo da vida com a própria vida.
Presencia-se uma fusão entre "mundos" distintos, somente compreendidos através da arte. Assim sendo, justifica-se uma trajetória profissional impecável em grau máximo de excelência que não esta livre de sofrer "expiações" - felizmente passageiras - mas marcantes o suficiente, para trazerem o remédio eficaz da sabedoria em busca do entendimento, no livre diálogo da vida com a própria vida.
Cecília, sua "Giselle" é o espectro do amor que transcende toda adversidade. Uma obra mestra, na redenção de todos nós, ao compartilharmos da sua capacidade de produzir uma, arte transformadora.
Wellen de Barros
Abril de 2008
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Para sempre Odette ( entrevista publicada - Site A Notícia)
Carreira em TI
Qua, 16 de Julho de 2008 04:54Cecília Kerche não confirma nem nega, mas sua apresentação em "O Lago dos Cisnes", na abertura do festival, será uma espécie de despedida do palco do eventoA escolha de "OLago dos Cisnes" para a abertura do 26º Festival de Dança não foi à toa. Espetáculo ícone do balé clássico, é tido como uma das melhores montagens da Companhia de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. E coube à sua protagonista, Cecília Kerche, o pedido para trazê-lo a Joinville. Tudo porque "O Lago dos Cisnes" deve ser a última vez da bailarina no palco do evento.Homenagem digna para a estrela que cresceu e se tornou a dama do festival. As 13 participações dela se tiniciaram em 1989, curiosamente com o segundo ato de "O Lago dos Cisnes" - "Odette".Já reconhecida na América do Sul, Cecília ainda carecia de popularidade em seu País. Ao final da apresentação, na Harmonia Lyra, a estrela retornou ao palco para agradecer os aplausos ainda não findados.Essa relação de amor será abreviada em 2008. Apesar de a própria não confirmar sua aposentadoria do festival e se mostrar surpresa com essa informação vinda a público, é sabido que a bailarina quer abrir espaço para novos talentos e atuar mais nos bastidores, seja como jurada ou na divulgação de sua linha de sapatilhas, lançada em
Qua, 16 de Julho de 2008 04:54Cecília Kerche não confirma nem nega, mas sua apresentação em "O Lago dos Cisnes", na abertura do festival, será uma espécie de despedida do palco do eventoA escolha de "OLago dos Cisnes" para a abertura do 26º Festival de Dança não foi à toa. Espetáculo ícone do balé clássico, é tido como uma das melhores montagens da Companhia de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. E coube à sua protagonista, Cecília Kerche, o pedido para trazê-lo a Joinville. Tudo porque "O Lago dos Cisnes" deve ser a última vez da bailarina no palco do evento.Homenagem digna para a estrela que cresceu e se tornou a dama do festival. As 13 participações dela se tiniciaram em 1989, curiosamente com o segundo ato de "O Lago dos Cisnes" - "Odette".Já reconhecida na América do Sul, Cecília ainda carecia de popularidade em seu País. Ao final da apresentação, na Harmonia Lyra, a estrela retornou ao palco para agradecer os aplausos ainda não findados.Essa relação de amor será abreviada em 2008. Apesar de a própria não confirmar sua aposentadoria do festival e se mostrar surpresa com essa informação vinda a público, é sabido que a bailarina quer abrir espaço para novos talentos e atuar mais nos bastidores, seja como jurada ou na divulgação de sua linha de sapatilhas, lançada em
2000.Ainda no Rio de Janeiro, durante os ensaios, Cecília Kerche declarou mais uma vez seu amor pelo evento e por "O Lago dos Cisnes". Disse ter notado uma evolução no nível das apresentações na mostra competitiva, o crescimento na formação de novos bailarinos. E encerrou com uma promessa: em 2009, estará por aqui novamente. Só não deverá subir ao palco.
AN Festival - No anúncio da vinda de "O Lago dos Cisnes" como espetáculo de abertura do 26º Festival de Dança, cogitou-se que essa pode ser sua última apresentação no evento. Há mesmo essa intenção?
Cecília Kerche - Não estava sabendo que se cogitava essa possibilidade! Mas dançar uma produção completa desse porte pode ser que seja mesmo a última vez no festival.
AN - Por que a escolha de "O Lago dos Cisnes" para essa despedida?
Cecília - Há dois anos cheguei a sugerir ao Ely Diniz (presidente do Instituto Festival de Dança) que fizesse duas comemorações ao mesmo tempo em 2007, o 25º aniversário do Festival, e os 130 anos desta obra com o Ballet do Theatro Municipal. Mas infelizmente não foi possível realizá-la no ano passado. No início de 2008, recebemos a grata notícia de que seria possível a apresentação dessa versão, que por dois anos consecutivos foi apontada pelo jornal "O Globo" como o melhor espetáculo.
AN - Há duas semanas, durante uma entrevista, a ex-primeira-solista do Bolshoi Nina Speranskaya afirmou que "todo grande bailarino sabe quando parar no auge". É o seu caso?
Cecília - Acho muito válida a colocação de Nina. Há uma fase da vida artística na qual se fecha um ciclo. Há balés que são para bailarinas mais jovens, como é o caso de "Coppelia", e outros balés que exigem uma maturidade que só os anos trazem. Não se espera que uma bailarina muito jovem, embora talentosa, tenha a mesma carga dramática de uma bailarina experiente para interpretar uma obra como "Damas das Camélias", por exemplo. Acho, sim, que tudo tem seu devido tempo.
AN - Você é considerada pela ex-bailarina e coreógrafa Natalia Makarova como a melhor intérprete de Odette/Odile dos últimos anos. A que credita essa relação com a personagem?
Cecília - É um balé maravilhoso, uma obra-prima tanto de música como de coreografia. Ao longo de minha carreira dancei diversas versões do "Lago" e ainda assim continuo estreitando minha relação com essas personagens. A cada preparação para interpretá-las sinto que estou aprendendo um pouco mais.
AN - Você já se apresentou várias vezes no Festival de Dança. Qual considera seu momento mais marcante?
Cecília - Já até perdi as contas de quantas vezes estive, faz tempo. Todas as atuações foram marcantes para mim, mas se tenho que escolher uma foi quando dancei pela primeira vez (em 1989), justamente o segundo ato de "O Lago dos Cisnes".
AN - Você vê uma renovação nos grandes nomes do balé brasileiro, ou Cecília Kerche e Ana Botafogo ainda são referências obrigatórias?
Cecília - Este País é rico em talentos, o que se necessita urgentemente são de companhias aos moldes do balé do Theatro Municipal, onde de fato um bailarino pode iniciar a carreira com perspectiva de crescimento artístico. Foi desta forma que Ana Botafogo e eu pudemos desenvolver nosso potencial artístico, tendo uma casa de trabalho. Essa mesma casa que hoje também abriga Claudia Mota, Marcia Jaqueline e Vitor Luiz como primeiros-bailarinos.
AN - Em 2000 você veio ao festival também para divulgar sua linha de sapatilhas. Como é atuar no mercado de negócios em paralelo à carreira?
Cecília - É uma grande responsabilidade, pois meu nome, com o peso de minha carreira, avalizam um produto que foi desenvolvido sob uma rigorosa tecnologia.
AN - O público ficará "órfão" ou em 2009 Cecília Kerche retorna a Joinville como jurada ou convidada?
Cecília - Espero ainda poder contribuir muito para o festival, seja de uma forma ou de outra.
EDSON BURG http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.j
A Notícia SC Redação
* entrevista publicada no site A Notícia de Santa Catarina
* foto: Cíntia Brach
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